Começou mais um ano escutista. O vigésimo do agrupamento 1037 da Mealhada. Vinte anos ininterruptos a fazer crescer rapazes e raparigas desta terra.
Apesar de não o ter partilhado com ninguém, partilho-o aqui, com toda a gente, dois aspetos que me alegram particularmente no dia de hoje, domingo, em que me sinto especialmente cansado, depois de ter dormido a primeira noite de campo do ano escutista 2011/12.

1. Primeiramente estou muito contente com o facto de, neste ano, continuar a trabalhar com os exploradores. São a secção que, neste momento, mais garra me dá e mais vontade me dá de trabalhar, de fazer coisas, de investir nestes miudos. Agrada-me, também, que a expedição esteja a crescer. São já 12 com a promessa de mais virem e os miudos parece-me especialmente motivados – apesar das choraminguices lamúrias do costume perante o cansaço físico. Os miudos parece-me particularmente empenhados e até já se arriscam a travessuras – o que até me agrada se fizerem uso da inteligência. Agrada-me, ainda, o facto de este ano ter na minha equipa duas pessoas de quem gosto muito: O João Ricardo que foi meu lobito e que daqui a uns meses será chefe e que eu vi crescer e fazer-se homem – é alguém com um apurado sentido de Serviço, de disponibilidade e entrega-; e o Fred, com quem ajudei a moldar das melhores gerações de escuteiros que passaram pelo agrupamento. Eu e o Fred temos feitios antagónicos, temos gostos muito diferentes, mas de certa maneira complementamo-nos… unindo o meu lirismo ao pragmatismo dele, a minha capacidade de ver o castelos no ar e ele de os construir, de facto. A coisa promete!

2. O segundo aspeto que me traz muita alegria é o facto de o melhor aluno da Escola Secundária da Mealhada, no ensino secundário, no ano letivo passado ter sido Pedro Ferreira. O Pedro foi meu lobito e meu explorador. Ainda passou para os pioneiros e depois saiu do movimento. Mas também ele é um homem que vi crescer, apesar de hoje já lhe ter perdido o rasto, muito provavelmente.
O Pedro é um rapaz especial, tem um jeito para as artes cénicas verdadeiramente notável – a par do Miguel, pouco mais velho do que ele. O Pedro tem um feitio lixado, mas terá razões para ser assim. É resistente e corajoso, apesar de, provavelmente, não ter consciência disso.
Poucas coisas me dariam tanta alegria como a de saber que conseguiu cumprir o sonho e entrar em Medicina, em Lisboa. E a trabalheira que me deu as inumeras conversas que tive com ele a procurar dizer-lhe que ele tinha de cumprir os seus sonhos e não desistir, apesar das dificuldades. Ele conseguiu, e eu estou muito feliz, porque sinto que, num determinado momento, fiz a minha parte – um pequeno contributo, talvez, um gesto de que não preciso que ele se recorde, porque não é esse o meu propósito -, e cumpriu-se o destino e a águia aprendeu a voar, mesmo que toda a vida tenha vivido entre as galinhas.
Ao Pedro fazem jeito os 500 euros do Prémio de Mérito que não recebeu. Eu não os tenho, mas gostava de os ter para lhos entregar, porque ele merece.
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