1 de Dezembro de 1640
Dia da Restauração da Independência
É muito incómoda para mim a ideia da supressão da soberania nacional. Procuro ser um bom português e respeitar a tradição e a cultura dos meus antepassados. Procuro manter fresca a memória e lamento que muitos de nós ignoremos completamente o motivo pelo qual um dia é feriado nacional.
O 1.º de Dezembro é mais um desses feriados de que ninguém sabe o significado… É pena. Mas alguns dos que o sabem, muitas vezes induzidos em erro, acabam por fazer uma ideia errada das circunstãncias históricas e fazem extrapolações falsas.
– Portugal nunca foi parte da Espanha. Aconteceu que no período entre 1581 e 1640 o monarca soberano dos dois países era o mesmo. Filipe I de Portugal tinha este título, mesmo sendo o segundo monarca com este nome em Espanha.
– Os espanhois nunca conquistaram Portugal. Depois do desaparecimento do rei D.Sebastião teve lugar a crise sucessória porque estava terminada a linha directa de D. João III. Os três pretendentes estariam em igualdade de circunstâncias: Catarina de Bragança, António ‘Prior do Crato’ e Filipe de Habsburgo eram todos netos do rei D.Manuel I. A primeira era mulher, o segundo era tido como descendente de uma linha ilegitima e sobrava o Filipe, que já na altura era Rei de Espanha. As Cortes de Tomar de 1581 preferiram Filipe e ele tornou-se, também, e para além de muitas outras coisas, Rei de Portugal. Os Filipes eram reis estrangeiros? Seriam tão portugueses como quaisquer outros… eram filhos de uma portuguesa.
– Não há registo de que para Portugal, para além da ferida da União ibérica com supremacia castelhana, esta dinastia tenha sido desastrosa. Portugal não tinha o rei em permanência em Lisboa, mas tinha um vice-rei. Foram tomadas em Portugal algumas medidas importantes para Portugal. A restruturação da Universidade de Coimbra – a construção da tão tradicional Porta Férrea é desse tempo.
Eu também me orgulho do 1.º de Dezembro e dos conjurados e da escolha de D.João IV. Mas não vale a pena dizer disparates para tentar enaltecer o momento. Tudo isto ainda engrandece Portugal que nunca se subjogou à coroa de Espanha.
Em cima, na imagem, as armas de Filipe I de Portugal.