Tomas Tranströmer

Tem 80 anos, é poeta, é sueco, e foi anunciado na quinta-feira como o laureado do Prémio Nobel da Literatura de 2011. Poderia pensar-se que este sueco de nome esquisito (impronunciável) – entre o Tranformers e o transtorno – não teria nada vez a ver com a pátria do Pessoa, do Lobo Antunes, do Saramago… Mas tem… Tem um poema sobre Alfama!

ALFAMA

No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.

“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.

Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?”

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