Mil Carateres #10 – Publicado no Jornal da Mealhada de 29MAR22

[2537.] ao #15710.º

No dia em que este jornal chega às bancas, toma posse o 23.º Governo Constitucional. Uma nova oportunidade se preconiza, neste dia em que Portugal leva já 878 anos e 176 dias e se conta que a Terceira República portuguesa (o regime que sai do 25 de abril de 1974) já leva 7 dias de vantagem sobre o Estado Novo.
Um novo Governo – em Democracia, entenda-se – é sempre uma nova oportunidade de rejuvenescimento, de reinvenção… De (re) evolução?
Hoje poderia ser assim… Mesmo que o 23.º Governo Constitucional que hoje toma posse tenha tido de esperar dois meses para contar com os votos da diáspora na Europa. Mesmo sendo um Governo Constitucional que é assente numa maioria absoluta e liderado por alguém que já liderou dois governos minoritários e se acabar este mandato – se não cair na tentação europeia como se alvitra – se vai tornar no chefe de Governo com mais anos de exercício depois de Oliveira Salazar e (eventualmente) de Fontes Pereira de Melo.
Mesmo que o primeiro-ministro António Costa tenha anunciado na campanha eleitoral que já tinha orçamento de Estado – seria o que o Parlamento chumbou em outubro passado. E ainda que o novo Governo seria uma task force de relançamento da Economia no pós-pandemia. Mesmo que isso pudesse ser tudo verdade e ser tudo possível num cenário prévio à guerra na Ucrânia…
Só que entretanto tudo mudou. E a verdade é que a anormalidade é o nosso novo normal. E o ideal seria que fosse com essa consciência que os nossos governantes, os do Portugal 23.0, tomassem hoje posse. Com a “Força para mudar o que pode ser mudado. Resignação para aceitar o que não pode ser mudado. E sabedoria para distinguir uma coisa da outra”, como terá dito Francisco de Assis.