Ontem, na reunião dos pioneiros (escuteiros com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos) do meu agrupamento, no prosseguimento do debate que começámos oito dias antes sobre o ’25 de Abril de 1974′, confirmei a ideia de que os jovens não conseguem perceber o que foi o 25 de Abril de 1974 – e falo só da gradação da importância da sequência dos acontecimentos históricos -, para além do folclore das canções de senha e contra-senha, não sabem mais nada. “Tocou uma canção, a tropa invadiu Lisboa e veio a Liberdade e a Democracia”, assim se podia resumir a informação de que muitos deles dispunham.Posso garantir que, até ao sábado passado, muitos dos jovens que connosco trabalham (todos eles com a educação básica aprovada, e alguns deles a poucos meses de entrar no ensino superior) não dispunham da informação de que os portugueses combatiam desde 1961 numa guerra nas colónias. Não me interessa tecer considerações sobre os culpados ou discutir se os autores dos programas escolares portugueses – nomeadamente os de História – são reacionários ou envergonhados. Mas o que falo é do domínio dos factos.Lisboa, 25 de Abril de 1974 – 14h 30mPessoalmente, considero que um dos aspectos mais importantes do rol de acontecimentos que constituiram o 25 de Abril foi a substituição do poder de forma inteligente e pacifica no respeito pela soberania da Nação – e nesse sentido pelos seus titulares. Neste dominio, pelos dados históricos de que dispomos, salientamos a integridade do capitão Salgueiro Maia, e o sentido de Estado do presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano.Foi graças a estes dois homens que o 25 de Abril de 1974 ficou na história como a Revolução dos Cravos e não do sangue ou da carnificina.O meu discurso até pode parecer reaccionário. Mas também já todos estamos fartos dos discursos revolucionários da treta que acabam por defender teses de um espirito anti-democrático profundo e intransigente (ouvi, hoje, um que me envergonhou, nas cerimónias na Câmara Municipal da Mealhada). “Das duas uma” ou se defende a Democracia e se aceita a decisão do Povo como soberana, aceitando que o Povo escolha mesmo aqueles que nós entendemos não conseguirem servir o país, ou não se defende a Democracia e se declara que os portugueses não estão preparados para votar, como defendiam os responsáveis políticos do Estado Novo. Ou estamos com a Democracia, com as suas vantagens e desvantagens, ou estamos do lado da Oligarquia. Não é preciso mais um “25 de Abril de 1974”, como também não é preciso mais um “25 de Novembro de 1975”! Precisamos de mais “25 de Abril de 1975” (Eleições para Assembleia Constituinte), precisamos de mais “27 de Junho de 1976” (primeiras eleições para a Presidência da República), precisamos de mais “12 de Dezembro de 1976” (primeiras eleições autárquicas), e precisamos de mais “25 de Abril de 1976” e de “5 de Outubro de 1980” (eleições legislativas). Disso é que precisamos!