Leitão maravilha, ou a grande oportunidade?

Foi apresentada na segunda-feira, 7 de fevereiro, mais uma iniciativa da empresa “7 Maravilhas” – damos conta do assunto na página 7 da presente edição. Depois das escolhas do património histórico e do património natural chegou a vez, agora, de os portugueses escolherem as 7 Maravilhas Gastronómicas de Portugal.
Independentemente do facto de podermos já estar cansados de tanta escolha – tem sido ao ritmo de um concurso por ano – não deixa de ser mais uma oportunidade que se abre para quem, como nós, defende a promoção e a defesa intransigente do património da nossa região. Uma região com um património gastronómico que justifica o epíteto de ‘Sala de Jantar da Europa’.
O concelho da Mealhada é o território das ‘4 Maravilhas’ – Pão, Vinho, Água e Leitão – parece-nos que a candidatura às ‘7 Maravilhas Gastronómicas’ de Portugal, mais do que uma obrigação – da Câmara Municipal ou da Associação das 4 Maravilhas – será uma inevitabilidade. No entanto, pode revelar-se, também, um problema… ou uma oportunidade.
A forma como o concurso está organizado – e há no concelho quem tenha a experiência de ter coordenado a candidatura do Bussaco nas Maravilhas Naturais – faz com que não seja viável a candidatura, una ou conjunta, das nossas ‘4 Maravilhas’. Ou seja, da ‘Mesa da Mealhada’ vamos ter de escolher apenas uma Maravilha. Não nos parece que possamos deixar de escolher o Leitão.
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Conhecendo a região como se conhece, não temos, também, dúvidas de que, não havendo uma entidade – administrativa, associativa, pública ou privada – Bairrada, a Mealhada não será o único concelho a procurar candidatar o Leitão assado (da Bairrada, ou da Mealhada) a maravilha gastronómica. E é aqui que surge o problema ou – como otimistas que procuramos ser – a oportunidade.
Diga-se o que se disser, o nome da Mealhada está intimamente ligado ao produto Leitão. Em termos de notoriedade, o produto ganha em ter o nome da Mealhada associado ao seu nome. Trata-se de um facto, custe a quem custar. No entanto, sabemos que há um conjunto vasto de iniciativas e de grupos que – desvalorizando este facto, e muitas vezes sem qualquer tentativa de ligação ao nosso concelho – têm procurado deslocalizar o centro nevrálgico da notoriedade do produto para outras proveniências.
Resulta, então, que há necessidade de ‘enterrar o machado de guerra’, e procurar criar uma plataforma regional – com as câmaras municipais, as confrarias gastronómicas e, acima de tudo com os produtores de leitão e empresários da restauração – que permita a candidatura do Leitão assado como ‘Maravilha Gastronómica’ capaz de, na categoria Carne, e na região centro, assumir a sua preponderância natural.
Este esforço de concertação – que é, acima de tudo politico – deve procurar ser célere e eficaz. Será admitida a primeira candidatura que chegar a Lisboa, sendo certo que uma candidatura do Leitão da Bairrada feita sem o apoio da Câmara da Mealhada e dos 58 restaurantes do município estará morta à partida, do mesmo modo que candidaturas de Leitão à Bairrada e de Leitão da Mealhada se anularão mutuamente.
Esta pode ser a grande oportunidade para acabar com uma guerra que não sendo antiga tem se feito sentir.
“A importância deste concurso está muito mais na campanha, no burburinho e na divulgação que permite às candidaturas, do que no valor intrínseco da distinção no futuro. Também neste caso – e esta é apenas a nossa opinião – o caminho é mais importante do que o acto de chegar ou de ser o primeiro”. Dissemo-lo a propósito da candidatura do Bussaco a Maravilha Natural, repetimo-lo agora para as Maravilhas Gastronómicas.

Editorial do Jornal da Mealhada de 9 de fevereiro de 2011
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