Acesso ao Hospital da Mealhada passa a ser “público” +
Quando um dia – daqui a algumas décadas – se escrever a história da contemporaneidade no concelho da Mealhada, dos primeiros anos do século XXI, sobressairão – na nossa opinião, claro está – duas obras fundamentais. A primeira é a Escola Profissional Vasconcellos Lebre e a segunda é o Hospital da Misericórdia da Mealhada. Pouco mais haverá a salientar de um período em que outras obras tomaram corpo – como o Parque Urbano da Cidade –, mas nenhumas tão relevantes para o desenvolvimento económico, social e da qualidade de vida das pessoas do concelho da Mealhada como estas duas.
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A história é e será sempre feita destas coisas: de vitórias e derrotas de uma luta que no dia-a-dia nem sempre é visível e que só a distância dos tempos consegue, de facto, avaliar. É curioso que no século XXI estejamos a perspectivar sublinhar exactamente o que cem anos antes marcou a história da nossa comunidade. No inicio do século XX, o concelho ficou indelevelmente marcado pela criação do Hospital de Santa Maria, antecessor do actual Hospital da Misericórdia, pela fundação do Colégio da Mealhada, ascendente do espírito da escola profissional. E o mesmo acontecerá quando as novas estradas que o concelho verá atravessar – como o IP3/IC2, o IC12 e o IC3 – influenciarem da mesma forma como o desvio da EN1, há 70 anos, influenciou o desenvolvimento das nossas localidades e da nossa centralidade.
+ O acordo ontem assinado entre o Governo e as misericórdias portuguesas e que permite aos médicos de família o direcionamento imediato dos doentes para consultas de especialidade e cirurgias em hospitais das misericórdias é um passo determinante na prossecução do objetivo do Hospital da Mealhada – presente desde a génese desta segunda fase –, de proporcionar aos seus utentes as mesmas condições, ao nível da gratuitidade, do Serviço Nacional de Saúde.
+ Os utentes poderão passar a ser consultados na Mealhada, e, em caso de necessidade, serem submetidos a intervenções cirúrgicas, pagando o mesmo que pagariam se o tivessem sido num hospital público. Sem, no entanto, terem passado meses à espera.
+ O processo de construção do Hospital da Mealhada – do edifício e do serviço – tem sido complexo e tem implicado um esforço sobre-humano para os principais implicados. Ao longo de todo este tempo, para além da real viabilidade do projecto, que tem sido feita ao ritmo de mudanças de governos e de vontades políticas, tem sido necessário alimentar um capital de esperança na comunidade que vai tendo oscilações conforme as coisas vão correndo melhor ou pior. Infelizmente, já vimos sorrisos em algumas caras quando as coisas correram efetivamente mal, como foi o caso do episódio da demissão do anterior diretor clínico, que acabou por se traduzir num grande serviço à palermice e à instabilização gratuita.
+ Sinais como o da assinatura deste acordo com o Governo são alicerces importantes para consubstanciar a relevância e a importância do hospital da Mealhada. São a prova de que o sonho é de bem-comum e de altruísmo e que a ambição de quem ousou arriscar em edificar este projecto é pensada nos outros e na qualidade de vida de uma comunidade. Uma comunidade que preventivamente olha para a qualidade da saúde como uma garantia, mas também da comunidade que vê os cuidados de saúde como uma necessidade fundamental.
+ Felizes os que acreditam!
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Editorial do Jornal da Mealhada de 30 de março de 2011
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