As minhas bodas de prata estudantis

Primeira Parte

Andei à procura de dados, mas eu nesse tempo ainda não sabia escrever. Andei a vasculhar nos albuns fotográficos em casa da minha mãe, mas nada. Não encontro nada que me ajude a determinar o dia em que me estreei nas lides estudantis…
Terá sido em Outubro. As aulas, há vinte e cinco anos, começavam em Outubro… (Roam-se os putos que começaram este ano a 13 de Setembro! E que já aqui andam aos guinchos para nos infernizar os miolos).
A minha primeira escola foi a de Sernadelo e a minha primeira professora foi a Dona Maria Eugénia, da Pampilhosa, esposa do professor Augusto Dias, que me antecedeu no cargo de Director do Jornal da Mealhada.
A escola de Sernadelo era, na altura, cor-de-rosa, e sofreria uma grande remodelação no interior no ano seguinte. Não me lembro bem como era neste Outubro de 1985… lembro-me que era imensa e que o quadro dos alunos da primeira classe era uma velha ardósia preta, quadrada que a escola ainda conserva.
Lembro-me dos meus colegas. De quase todos. Daqueles de quem gostava mais e dos que gostava menos. Eramos alunos das quatro classes na mesma sala. No ano seguinte seria diferente. Mas nesse primeiro ano a molhada era total.
Tinha aulas só à tarde e passava a manhã a brincar lá em baixo, na residencial da minha avó onde agora resido com a Inês.
Lembro-me de ir para a escola num dia cinzento (ou seria eu próprio), de ir logo sozinho e de esperarmos o carro vermelho da professora, um Renault, com a euforia de quem espera que ele não apareça. Lembro-me, mais tarde, da fila para corrigir os trabalhos de casa – intermináveis – e de “quem ir ao ar perder o lugar”. Lembro-me da tensão da régua e dos ralhetes da professora. Lembro-me do recreio – sempre passado ao pé das raparigas – e de ir fazer as minhas necessidades fisiológicas a casa – que era colada à escola. Lembro-me do meu primeiro manual escolar – horroso, cor-de-rosa com um caracol na capa (e de o Diogo uma vez o ter rasgado em várias parte). Lembro-me de, como bom bairradino e filho de um vendedor de automóveis, ter começado por saber escrever ‘pipa’ e ‘popó’.

Foi há 25 anos.
Arre!