O Bussaco e as Sete Maravilhas

Os seiscentos e cinquenta mil votos que contribuíram para a eleição das “7 Maravilhas Naturais de Portugal” não elegeram a Mata Nacional do Bussaco. A noticia, não sendo uma surpresa – essa possibilidade esteve sempre em cima da mesa, desde o inicio – não deixa de proporcionar um certo paladar de frustração em todos os que se empenharam na promoção do Bussaco, votaram e foram acompanhando, com entusiasmo, o evoluir da candidatura e a superação das sucessivas etapas.
Na noite em que foram conhecidos os resultados, e já depois da consagração das “7 Maravilhas Naturais de Portugal”, no Facebook – uma das redes sociais que serviu como plataforma para grande parte da campanha feita em prol do Bussaco – alguém (que não identificamos por não termos pedido autorização) declarava: “Não vencemos mas ganhámos! Ganhámos em proximidade, em preocupação, em maior atenção ao rico património natural que é o nosso! E este é o desafio que não pode terminar aqui! Ser finalista criou um espírito que agora não pode retroceder! Parabéns a todos os que se empenharam em eleger a mata do Buçaco. Parabéns a todos os que foram eleitos!”.
Este comentário reflecte bem e vai ao encontro do que procurámos salientar no Editorial que publicámos a 1 de Setembro: “A importância deste concurso está muito mais na campanha, no burburinho e na divulgação das candidaturas que permitiu, do que no valor intrínseco da distinção no futuro. Também neste caso – e esta é apenas a nossa opinião – o caminho é mais importante do que o acto de chegar ou de ser o primeiro”.
Uns acreditam que se trata de sorte, outros falarão em coincidências, alguns dirão que é a Providência. O que é um facto é que este concurso das “7 Maravilhas Naturais de Portugal” apareceu na altura ideal, surgiu como a grande oportunidade, o óptimo argumento para – depois de criada a Fundação Bussaco – se restabelecerem e fortalecerem os laços entre aquele património e a população. E a oportunidade foi aproveitada com grande sucesso, e isso sim, é digno de registo.
“Do caminho feito ficam três garantias. A primeira é a de que o Bussaco é um património natural riquíssimo (mesmo que tenha sido plantado pelo homem, não deixa de ser uma grande obra da natureza) que não tem paralelo em Portugal. A segunda garantia é a de que o facto de não ser, ainda, Património da Humanidade é, apenas, circunstancial e de natureza meramente política. A terceira garantia é a de que a comunidade da região e do concelho da Mealhada, especialmente, recebeu a ‘devolução’ do Bussaco de braços abertos e está ansiosa por se envolver na sua requalificação e em causas comuns de mobilização colectiva”, dissemo-lo há quinze dias e sublinhamo-lo hoje, especialmente.

Tivemos oportunidade de, na pessoa do presidente da Fundação Mata do Bussaco, antes mesmo de se saberem os resultados divulgados a 11 de Setembro, retribuir o agradecimento que dirigiu ao Jornal da Mealhada por “toda a amizade e carinho que tem demonstrado pela Mata Nacional do Buçaco, pela promoção e divulgação da nossa Região, do nosso Património e da nossa Mata!”. Nessa altura, fizemos questão de salientar que o Jornal da Mealhada procurará estar, sempre, – com a parcialidade de quem tem como mote ser um jornal “regionalista”, com vinte e cinco anos, criado “na defesa intransigente dos interesses da região onde se insere” – na linha da frente de todas as causas que promovam o património, os valores e as pessoas do concelho da Mealhada e da região. Continuaremos sempre prontos para Servir.

Editorial do Jornal da Mealhada de 15 de Setembro de 2010
O trecho a itálico não foi publicado na edição impressa do Jornal da Mealhada