22. Eu nunca estive sequer perto de um embaixador. Já estive perto de ministros, primeiros-ministros, presidente da República, mas nunca de um embaixador…
Fui à Pampilhosa, à Casa Quinhentista, fazer a cobertura do Magusto tradicional que lá fizeram e quando chego lá tive duas surpresas. A primeira foi o escultor Alves André, que fez o monumento ao bombeiro na Mealhada. è uma pessoa cujo trabalho aprecio muito. A outra surpresa foi a presença de um senhor timorense cuja cara não me era estranha, provavelmente da televisão. Tratava-se de Lopes da Cruz, o embaixador da Indonesia em Portugal…
Dirigi-me a tão proeminente figura e fiz-lhe as perguntas que se impunham. Disse-me no meio das respostas que “Portugal e Indonesia não têm nenhum conflito”… não têm mas já tiveram, pensei eu. Parece que está tudo sanado e 6 mil portugueses visitam a ilha de Bali (no arquipelago indonesio) todos os anos.

Sempre fui um descarado anti-Indonesia por causa da questão timorense, mas não só. Tenho pessima ideia de Sukarno e Suharto e Habibi e mesmo da Megawati Sukarno-Putri…
E depois, claro está, por causa das milicias indonesias em Timor depois de 1999…
Quando estava mais perto apercebi-me que este Lopes da Cruz era um dos pró-integração do referendo, ele e um Abílio qualquer… Parece que foi coerente… Tão corente que encomendou a Alves André uma estátua de João Paulo II para colocar … EM DILI!

Quando cheguei aqui ao Jornal, olhei para a minha agenda e pensei… tenho que fazer um post no blogue… reparei então na inscrição de efemérides que lá tinha:

12 de Novembro – 1992 – Massacre de Santa Cruz – Timor-Loro sae

E há quem diga que não há coincidências! O tanas…
Quem diria que o primeiro embaixador a quem eu faria uma entrevista seria o da Indonesia.
E ainda por cima seria um timorense.
E ainda por cima no dia do Massacre de Santa Cruz, dia em que para mim (eu tinha 13 anos) descobri que havia um povo do antigo império português que estava a ser crucificado.