Apesar dos insistentes pedidos das forças partidárias da Direita política – nomeadamente junto do Presidente da República -, hoje, para que a campanha eleitoral, que se prevê, se realize com dignidade e elevação, os sinais dados pelos principais acossados da demissão política fazem antever precisamente o contrário.

E isso, o país – parece-me – não vai aguentar.

Em primeiro lugar, o Governo demitiu-se. Não foi demitido. É certo que Sócrates tinha ameaçado… e cumpriu, mas o ónus da demissão é seu, não é da oposição. Até porque há quem ache – como eu – que tudo isto foi organizado pelos senhores do Rato para ter precisamente este fim. Um fim honroso da vítima.

Em segundo lugar, a realização de eleições é um acto democrático normal e já vimos as consequências da posse de um novo primeiro-ministro sem ter ido a eleições.

A avaliar pela forma como o Partido Socialista em gestão se organiza para responder ao que alegadamente é anunciado pelo PSD, a campanha eleitoral que se aproxima vai ser optima para a redacção de um verdadeiro “Manual da Velhacaria”.

Miguel Relvas, na quinta-feira, disse que entre cortar no rendimento – salários ou prestações sociais – ou subir impostos, o PSD preferiria subir impostos. E entre subir impostos sobre o rendimento e subir impostos sobre o consumo, preferiria o aumento dos impostos sobre o consumo. A ideia não é nova. Já Manuel Ferreira Leite defendia a criação de um novo escalão do IVA para produtos de luxo.

Logo o ministro caceiteiro – Augusto Santos Silva – veio declarar que o PSD ia subir o IVA de 23 para 25 por cento. Trata-se de uma afirmação demagógica e velhaca, que o PSD, por muito que desminta, já não consegue apagar.

E parece-me que vai ser assim até depois das eleições de maio ou junho…

Faz sentido joias e iates, ou até mesmo carros topo de gama serem comparadas a bens do cabaz essencial? Ou pagarem de IVA 23 por cento, o mesmo que outros bens proto-essenciais?
Eu acho que não.

A campanha eleitoral vai ser sujinha… e é pena, porque vai ajudar à dispersão da atenção e vai contribuir para a radicalização de um discurso esquisito. A ver vamos!
Depois queixem-se que os portugueses estão desinteressados e não foram votar!

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