«O economista norte-americano e Prémio Nobel da Economia Paul Krugman considerou Portugal como um exemplo do erro de reduzir a despesa pública quando existe um desemprego elevado, em coluna de opinião publicada no “The New York Times”, reproduzida no jornal “i” a 26 de março. Para o economista, “a estratégia correta é [criar] empregos agora, [reduzir] défices depois”. Krugman entende que estão errados “os advogados da austeridade que preveem que os cortes da despesa trarão dividendos rápidos na forma de uma confiança crescente e que terão pouco, se algum, efeito adverso no crescimento e no emprego”. Justifica a preferência pelo adiamento da redução do défice com o argumento de que “os aumentos dos impostos e os cortes na despesa pública deprimirão ainda mais as economias, agravando o desemprego”. Acrescenta, a este propósito, que “cortar a despesa numa economia muito deprimida é muito auto-derrotista, até em termos puramente orçamentais”, uma vez que “qualquer poupança conseguida é parcialmente anulada com a redução das receitas, à medida que a economia diminui”. O Prémio Nobel da Economia lamenta que a estratégia que recomenda tenha sido “abandonada perante riscos inexistentes e esperanças infundadas”. Pormenoriza: “Dizem-nos que se não reduzirmos a despesa imediatamente, acabaremos como a Grécia, incapaz de se financiar sem ser com exorbitantes taxas de juro”. “Se os investidores decidirem que somos uma república das bananas, cujos políticos não podem ou não querem encarar os problemas de longo prazo” será atingida a situação da Grécia, especifica. “Deixarão de comprar a nossa dívida”, admite. Krugman adianta que “um plano orçamental sério (…) trataria dos motores da despesa a longo prazo, acima de todos os custos com os cuidados de saúde, e quase de certeza que incluiria algum tipo de aumento de impostos».

– Um artigo publicado este fim-de-semana pelo jornal britânico de economia “Financial Times” fez uma sugestão que o Portugal fosse anexado pelo Brasil para solucionar a crise político-financeira que culminou com a demissão do primeiro-ministro José Sócrates na última quarta-feira. No texto, a publicação cita os bons resultados económicos obtidos pelo Brasil nos últimos anos: “Aqui vai uma maneira ‘out-of-the-box’ para lidar com o problema: anexação pelo Brasil (uma década de 4% de crescimento anual do PIB, muito mais elevado recentemente). Portugal seria uma grande província, mas longe de ser dominante: 5% da população e 10% do PIB”.O “Financial Times” frisa que os portugueses saíriam no lucro, mesmo com uma possível perda de status: “A antiga colónia tem algo a oferecer, mesmo para além da diminuição dos ‘spreads’ de crédito e, proporcionalmente, déficits e contas correntes governamentais muito mais baixos. O Brasil é um dos BRIC, o centro emergente do poder mundial. Isto soa melhor lar que uma cansada e velha União Europeia”.