Hoje ao pequeno-almoço, Martim Avillez de Figueiredo, na Edição da Manhã, na SIC Notícias, dava conta de dois artigos publicados na imprensa internacional por estes dias que lhe suscitaram interesse. Não resisti a, assim que cheguei ao escritório, ir lê-los.

São, de facto, interessantes. Não só para termos a percepção do que no estrangeiro pensam de nós – num caso interessará no outro nem por isso -, mas também pelo testemunho que dão, especialmente o primeiro texto.

O primeiro texto é uma Carta da Irlanda a Portugal, publicada no domingo, 27.03.2011, no jornal irlandês Independent. Pode ser lida AQUI. O texto piada, e está escrito no tom de uma carta que um conhecido escreve a outro em tom de aviso ao estilo anglo-saxão do “I don’t mean to intrude”. Ainda pensei em publicar aqui uma tradução, mas a falta de tempo e o que se perderia levam-me a sugerir a leitura original.

A Irlanda – o Tigre Celta – passou por uma situação parecida com a nossa (com nuances significativas, é certo). Depois de ter sido um potentado económico na indústria tecnológica – que nós nunca fomos, apesar de já nos terem vendido essa ideia – também ficou sem Governo quando entrou o FMI. Em Dublin primeiro entrou o FMI depois caiu o Governo, aqui, parece que vai acontecer ao contrário. Mas este texto – com algum humor – acaba por ser uma espécie de voz aconselhada que nos fala.

É nos dito que se os nossos políticos nos dizem que o “bailout” só entrará “over their dead bodies”, então é porque a coisa está próxima, e poderá chegar a um domingo. Nós referimo-nos à ajuda externa – do FMI e do Fundo Europeu de Estabilização – como Ajuda, em inglês ajuda é “aid” e esta ajuda especifica é “bailout”. Ora diz-nos a carta que apesar de as palavras serem sinónimas, õs irlandeses perceberam que não querem dizer a mesma coisa, e estão a avisar-nos disso…

Os irlandeses têm um novo Governo e a carta fala-nos da euforia inicial que se criou com a eleição e a posse de um novo executivo. Mas, dizem eles, depois isso passa!

O texto não é nada esperançoso, diga-se. E contradiz ferozmente aquela ideia que começa a singrar de que se o FMI tem de vir, então que venha rápido! E mesmo para mim, que até subscrevi essa teoria é assustador…