Regressar a Santiago é uma experiência espiritual.
Regressei a Santiago, como peregrino, na quinta-feira, 1 de novembro, pela quinta vez. Desta vez pelo Camiño “dos mil nomes” – Sudeste, Via da Prata, Sanabrês, da Fonseca, Mozárabe… seja o que for.
Graças a Deus, cada regresso é feito na companhia de amigos e companheiros de viagem. “Nunquam solo ambulanbatis”, ou “Nunca Caminharás Sozinho”, para não cantarolar o “You’ll never walk alone!”. Em 2007 fomos quatro, o mesmo número em 2009 e 2010, sete em 2011 e, agora, dez.
Em cada uma das experiências a companhia é relevante. Os fidelíssimos, os que caminham em espírito em cada jornada, os que repetem, os que ensinam, os que amam, os que são, e os novos aventureiros, todos alinham numa experiência que é, ao mesmo tempo, comunitária – entre nós e entre os peregrinos que encontramos no caminho – mas, também, muito solitária.
Em 2009, eu e a Inês eramos namorados. Noivos, mas (apenas) namorados. A experiência não foi fácil para nenhum dos dois, deixou mazelas durante e depois do Camiño, e a repetição da experiência seria uma coisa a fazer, mas com conta, peso e medida. Já casados, repetimos a experiência, mais maduros, mais avisados, mais conscientes, mais cúmplices. E porque mais apaixonados, fizemo-lo mais autónomos. Contradição? Assim como as
cordas do alaúde
são separadas e, no
entanto,
vibram na mesma harmonia, também as
colunas do templo
erguem-se separadamente, e o carvalho e o
cipreste
não crescem à sombra um do
outro”
.

Foi uma experiência transcendente e muito importante para um caminho entre duas pessoas que querem ser felizes até à eternidade. Porque o Camiño recomeça em cada regresso a casa.
Amo-te muito princesa.