«Não esqueçamos jamais que o verdadeiro
poder é o serviço»

Na sua homilia na Missa de inicio do seu Ministério Petrino, na terça-feira, 19 de março, o Papa Francisco, apresentou, uma vez mais, palavras de grande simplicidade, mas de uma profundidade atordoante. Aconselho a todos a leitura ponderada e demorada das palavras do 266.º Pontifice Romano – AQUI, por exemplo, ou através deste video.

Sublinhava, no entanto, três notas essenciais:

1. Sejamos Guardiões.
“Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para  guardar a criação!” – é o desafio lançado pelo Papa é o de sermos guardiões da Criação: “uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a
todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se
diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter
respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É
guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma,
especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e
que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos
outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como
pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos
tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que
são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem.
Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma
responsabilidade que nos diz respeito a todos
. Sede guardiões dos dons
de Deus!”
(a partir do minuto 5:50 deste vídeo)

O Papa pede ao Homem que se ame a si próprio (amando os outros) e à sua condição de criatura de um ecossistema que precisa de ser preservado.

2.  O Verdadeiro Poder é o Serviço.
O Papa centra o Poder na visão cristã do lava-pés da Ultima Ceia, em que para se ser maior tem de se ser servo dos outros. «Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o
início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que
inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro,
mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o
amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros,
apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro
poder é o serviço
, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve
entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na
Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São
José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e
acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os
mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus
descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é
estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas
aqueles que servem com amor são capazes de proteger.
» (a partir do minuto 10:50 deste vídeo)

3. Com uma esperança, para além do que
se podia esperar!
O Papa fala de Esperança. E explica: «Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento,
há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos
esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de
ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de
luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o
crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que
levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está
fundada sobre a rocha que é Deus.
» (a partir do minuto 12:52 deste vídeo)

E a síntese da intervenção do Papa surge, em climax, na identificando a missão do seu pontificado: «Guardar Jesus com Maria, guardar a
criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre
,
guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está
chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo
resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus
nos deu!
» (a partir do minuto 13:43 deste vídeo)

O Papa apresentou o programa do seu pontificado e só me passa pela ideia lembrar o lema inscrito no brasão de Francisco: “miserando atque eligendo” – “olhou-o com misericórdia e escolheu-o”.  Não há dúvidas que o Espírito Santo olhou para nós, com misericórdia, e escolheu Francisco para nos ajudar.