DISCURSO DO 86.º ANIVERSÁRIO 
DA ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DA MEALHADA

Saudações

Ontem, 26 de julho, celebrámos o 86.º aniversário da nossa associação. Hoje, aqui, entre amigos, festejamos esse aniversário, em fraternidade e unidade. Obrigado por se terem unido a nós neste dia que até por isso é especial – obrigado aos sócios e antigos diretores, aos autarcas (os presentes e os futuros), aos antigos e aos actuais bombeiros, ao comando, aos nossos familiares e aos amigos de outras associações.

Ontem, 26 de julho, foi dia de Sant’Ana, padroeira da Mealhada. Não terá sido por acaso que os fundadores escolheram o seu dia para criar esta associação. Estabeleceram, assim, uma ligação fortíssima entre a população, que evoca a sua padroeira, e uma associação tão carecida de apoio da população e da sua estima. Como ontem se ouvia na liturgia da solenidade, do Livro de Ben-Sirá: “Celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados através das gerações. Foram homens virtuosos e as suas obras não foram esquecidas”.

Lembremos, por isso, hoje, os que tiveram o rasgo de criar uma associação de Bombeiros com o intimo desígnio de prestar às pessoas um bem tão simples, mas tão essencial que é o da segurança e da assistência na catástrofe e na doença. Nomes como João Saraiva, Augusto Ramalheira e Bernardino Felgueiras não podem deixar de ser referências de altruísmo e abnegação. A história da Mealhada conta-nos que é possível que já em 1916 (ou seja há 96 anos) houvesse bombeiros na Mealhada. Mas festejamos hoje um história de associativismo, de unidade, de congregação de esforços daquela que é a maior associação do concelho da Mealhada, com quase 2700 sócios pagantes e colaborantes. Uma história que se fez de construção de homens e mulheres, mas também de equipamentos, como este quartel, o quinto da associação, que neste ano, em outubro, comemora duas décadas sobre a data da sua inauguração. E na pessoa do Dr. Mário Saraiva, aqui presente, agradecemos a todos os diretores e dirigentes da nossa associação.
Inaugurámos ontem as galerias de fotografias dos presidentes da associação, na sala da direcção, dos comandantes, segundos comandantes e adjuntos de comando, nos respectivos gabinetes, e que convidamos todos a visitar. Preservamos, assim, a memória histórica da associação que é, também, a sua identidade.

Agradecimento é a tónica que eu e a direcção a que presido gostariamos de vos dirigir hoje, nesta ocasião.

Um agradecimento aos sócios – quase três milhares – que cumprem as suas obrigações estatutárias, mas que, muitos deles, vão muito além disso, com donativos, com gestos bonitos como, e perdoem-me o exemplo, do casal que, em vez de dar aos convidados uma lembrança do dia do casamento, entendeu dar aos bombeiros o dinheiro que para isso gastaria.

Um agradecimento, também, às associações do concelho que têm dado mostras de grande solidariedade e que nesta casa têm tido sempre um porto de abrigo e de ajuda. Agradeço, particularmente, à Associação de Aposentados da Bairrada que entendeu entregar-nos a receita do sarau do seu aniversário, e que resultou numa assinalável maquia que será destinada para a compra de uma ambulância de socorro.

Agradecemos, de uma forma muito especial aos amigos voluntários que nos têm ajudado na Tasquinha na Feira de Artesanato e Gastronomia. Obrigado aos bombeiros que deram mostras da sua boa-vontade, aos bombeiros do quadro de honra e do quadro de reserva que demonstraram que continuam a ser peças importantes dentro da associação – e de quem precisamos tanto – e obrigado a todas as pessoas que não sendo bombeiras nem nunca o tendo sido foram incansáveis e solidárias. Obrigado ao senhor Joaquim Ricardo, à dona São, à Dona Lúcia, à Dona Corina, à Dona Dora, à Dona Cila, à Ana Lousada, à Dona Dina Lousada, ao Chefe Peu, ao senhor Carlos Melo, ao comandante Lousada, ao Caló e a todos os bombeiros do quadro activo e funcionários que ajudaram. 

Agradecemos aos empresários que têm sido sempre solidários, que nos ajudaram hoje nesta festa, com o lanche que se segue, mas também em tantos outros momentos de partilha e colaboração. E nesse agradecimento, dirijo-me ao Sr. Fernando Duarte, da Fernando Duarte e Filhos, Lda, que é bom exemplo da responsabilidade social que uma empresa pode ter.

Agradecemos aos autarcas, aos presidentes de Junta de Freguesia – não só à Junta da Mealhada, que aqui saúdo através do meu querido amigo comandante do quadro de Honra José Felgueiras, mas a todas elas, que têm dado à nossa associação o carinho e a dimensão do seu alcance e importância. Agradecimento importante que se estende ao municipio da Mealhada, e ao presidente da Câmara Municipal da Mealhada, professor Carlos Cabral, que talvez pelo facto de já ter sido dirigente de uma associação de bombeiros, compreende o nosso trabalho, compreende perfeitamente a nossa missão, e por isso tem sido solidário e colaborante.

Aproveito a oportunidade para me dirigir aos candidatos às próximas eleições autárquicas, a todos eles, e saudo-os através do Dr. Rui Marqueiro e do Sr. António Breda aqui presentes, para lhes dizer que nesta fase da nossa vida colectiva, o esforço de serviço que demonstraram ao candidatar-se, aliado às necessidades da nossa comunidade, são o tempo ideal para construirmos um concelho que se quer sempre mais próspero e fraterno. Os Bombeiros da Mealhada, na promoção do sentimento e garantia de segurança na catástrofe e na doença, estão disponíveis para ajudar, assim o queiram os eleitos, que têm no passado um referencial de colaboração saudável.

Agradeço a colaboração dos órgãos sociais, especialmente do Conselho Fiscal e do seu presidente, o Dr. Bruno Peres, que tem dado um contributo muito importante na continuidade da boa saúde financeira desta casa.

Tenho muita pena, mas não tenho razões para hoje vos deixar palavras de pessimismo ou de grande angústia. Bem sei que nem um discurso é discurso em Portugal se não tiver lamúrias e queixumes, e lamentos e choradinhos. Mas nós não somos assim. Temos as nossas preocupações – que são muitas – mas hoje não é dia de as referir. Herdámos uma associação equilibrada financeiramente. Temos lutado contra os lobis nacionais de transporte de doentes. Temos combatido a crise económica e o desinvestimento nacional nas associações de Bombeiros. Temos procurado combater sensibilidades e defeitos internos, melhorando serviços e construindo melhores soluções. Procuramos compreender os desafios do novo voluntariado nacional – o que vai superar o actualmente vigente que está esgotado e apodrecido.

Poucos meses depois de termos tomado posse, renovamos o nosso compromisso de Serviço. Comprámos um gerador que nos dará autonomia energética no quartel – que era uma lacuna operacional grave e séria – das nossas instalações. Comprámos uma nova central telefónica – que será instalada nas próximas semanas – e que trará melhorias no atendimento, no serviço e no trabalho, nomeadamente burocrático, dos nossos bombeiros. Começámos os trabalhos de beneficiação do nosso quartel pelas zonas que estão mais degradadas e menos poupadas por 20 anos de desgaste natural. Prosseguimos um esforço de angariação de fundos para a aquisição de uma Ambulância de Socorro, ainda este ano, que melhorará significativamente o nosso trabalho na área da Saúde e do socorro.

Nos próximos meses, depois de terminada a época crítica de incêndios florestais, tomaremos medidas de restruturação ampla de serviços, que, assim acreditamos, trarão grandes beneficios à associação e às pessoas que nela trabalham.  

A palavra final que vos quero deixar é de esperança. Somos uma associação que apesar dos quase 90 anos é jovem, com muita vontade de combater os fogos da vida de frente, com uma vontade grande de Servir com abnegação e altruísmo, com uma enorme vontade de estar ao lado das pessoas que precisam de nós e de quem gostamos tanto!

Vivam os Bombeiros da Mealhada,
Viva o concelho da Mealhada.