O mundo está de luto com a morte (já há muito esperada) de Nelson Mandela.
Há uns anos, quando Mandela saiu de Robben Island, o mundo não era tão positivamente pequenino como é hoje. E hoje, ao chorarmos a morte de Madiba, somos todos mais humanos do que eramos quando em 11 de fevereiro de 1990 o prisioneiro 46664 foi libertado sobre o protesto de muito líderes da Europa conservadora.

Mas hoje a conservadora Europa tem as bandeiras a meia haste porque valeu a pena Mandela ter vivido, porque a vida dele fez sentido num mundo em que para a maior parte das pessoas não vale a pena mudar o que parece impossível. Porque tudo parece ser impossível até alguém o tornar possível. Porque tudo é imperdoável até alguém ter a capacidade de perdoar. Porque tudo é merecedor de ódio até alguém decidir amar o carcereiro.

Uma das últimas grandes discussões que tive, daquelas violentas de apresentação dura de argumentos, daquelas estimulantes que nos fazem crescer e ser maiores, foi há cerca de um ano, quando sugeri, num ‘brainstoming’ para escolha de um tema para uma actividade escutista, que, no âmbito do tema ‘Ubuntu‘, tratássemos a vida de Nelson Mandela. Dias depois, no seguimento dessa conversa, alguém me dizia que a vida de Mandela era pouco aconselhável, dado que se tratava de um terrorista. Um terrorista. Dirimi os meus argumentos e no fim ninguém ganhou.

Mandeloa pode ter sido, efectivamente, um terrorista. E não seremos todos terroristas até o tempo demonstrar que temos razão?

Se for cumprido o seu desejo, a lápide de Mandela terá escrito:
Aqui jaz um homem que cumpriu o seu dever na Terra

Não teremos todos essa missão na Terra?