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‘ZÉ ÁGUSTO’
– O Pai (José), Augusto (o Magnânimo), fez anos hoje. Cinquenta e sete. Reunido o clã à sua volta. Com as primas ao telefone (infelizmente péssimas notícias do outro lado do bocal), estava como é, imperador, imperando.
A sua vontade é ordem, mesmo quando com ela não se pode concordar. Levanta a voz e eu calo-me, não consigo. Fala duro e eu perco o pio. Sempre assim.
É bom o meu pai. É humano. Tem falhas. Elogia nas minhas costas. Critica olhos nos olhos. E preocupa-se muito comigo. Faz a mesma pergunta dez vezes. Às vezes pensa-se que é surdo. Mas quer é ouvir o quer. E preocupa-se, preocupa-se muito comigo. Às vezes nem dorme. E insiste. Sei que gosta de mim. Quase tanto como eu gosto dele. Mas ele não é capaz de me o dizer. E eu prefiro sempre ser como ele e escrevê-lo num blogue que sei que ele não lê. Se alguém lho mostrar vou fingir e esconder-me. E se ele quiser falar sobre isso vou fugir. Somos os três iguais: Eu, ele e o pai dele.