Com a Páscoa, aliado ao segundo aniversário do inicio do Pontificado (que recordámos AQUI), os jornais de todo o mundo debruçaram-se sobre a Revolução Branca e tranquila que Bergoglio está a operar na Santa Sé.
Não li todos, naturalmente, mas li o texto de Rosa Pedroso Lima, na Revista E, do Expresso, de sábado passado, “O Papa entre o Povo e a Cúria”. Li, ainda, o texto de Francis X.Rocca, no Wall Street Journal (AQUI), “Pope Francis and the New Rome”.
A questão central em ambos os textos é, no fundo, a mesma. O texto de Pedroso Lima mostra que o Papa Franscisco tem na Cúria romana os seus mais directos opositores. A ala mais conservadora – e a que é apenas conservadora também – considera Bergoglio uma fraude e consideram até que se fosse hoje não votavam nele. “Saiu-lhe melhor que a encomenda”, poderá pensar-se… Há um cardeal (que não se identifica, naturalmente) que afirma que “nada mudou”, nestes dois anos de pontificado.
Os cardeais andam preocupados, porque já perceberam que isto não vai acabar bem… para eles… Rocca, no Wall Street Journal, considera que, na prática, Bergoglio é o primeiro Papa tornado clérigo depois do Vaticano II, ou seja, na prática, sem nunca ter conhecido o pré-concilio, ele é a aplicação prática – o primeiro a fazê-lo – do que foi decidido, daquilo que se quis que fosse a Igreja do Vaticano II.
O Papa está, efectivamente, a reconciliar a Igreja com o Povo de Deus. É o único líder mundial a lembrar as vítimas do Estado Islâmico. Manifesta-se, com acção, contra a opulência da Igreja e a favor dos desvalidos, dos Cristos do mundo. O Povo está com Francisco e contra a padralhada doente – do Alzheimer espiritual à má-lingua – contra a Igreja que esqueceu os Homens.
Não tenho dúvida nenhuma que o pontificado de Francisco vai ser curto. Mas quanto mais curto for, maior será! Se a Cúria Romana entender fazer-lhe o mesmo que poderá ter feito a João Paulo I torna-o Santo imediatamente, e não mais haverá descanso em Roma até a Igreja se reconstruir à sua imagem. Se a Cúria Romana o vencer pelo cansaço, como fez com Bento XVI, demonstra que não é nem de Deus nem dos Homens, e vai separar-se definitivamente do coração de ambos. Ou seja, a Cúria só tem um caminho… aguentar. “Aguentar-se à bronca” e esperar que o Espírito Santo opere.
No sínodo de Outubro Francisco foi vencido, não conseguiu cumprir o seu lema “Miserando atque eligendo”, olhar o mundo com Misericórdia e operar. O Papa quis acolher, finalmente, os recasados e os homosexuais na Misericórdia da Igreja. Os bispos não deixaram. Está marcado novo sínodo para Outubro de 2015. E nessa altura a Igreja de Francisco assinalará a festa maior, a do Jubileu. Que Francisco decidiu que será o Jubileu da Misericórdia de Deus.

Dom Manuel Clemente, na homilia de Domingo da Ressureição, fez a ligação perfeita ao lembrar (AQUI) que o Jubileu de Francisco será o do acolhimento que a Igreja, daqui a seis meses, será obrigada a operar. Porque o Povo de Deus quer, e porque com os novos cardeais de fevereiro passado, com um ano de pressão, será finalmente possível fazer. E em Outubro, um ano depois, Francisco vai finalmente vencer. E a Igreja vai ser, finalmente, um espaço aberto aos recasados, sem preconceitos aos divorciados, aos maçons, com acolhimento aos homosexuais. A Igreja dos Lázaros, das Madalenas e dos Cristos deste planeta.