α
VONTADE
– Eu já vi grandes construções da Humanidade. Já vi com os meus olhos o que durante milénios a vontade humana é capaz de construir. Confesso, no entanto, que nunca tinha visto nada tão intenso como o Bairro do Mumemo, no distrito de Marracuene, em Moçambique. A obra da Irmã Susana Custódio Marques.
Uma mulher, hoje uma senhora doente, construiu uma cidade nova para onde transferiu 1777 famílias, que inicialmente até nem queriam sair do Chamanculo. Mas conseguiu. A história está descrita neste pequeno texto. Uma pequena descrição que é nada quando se vê as pessoas a circular no Bairro, a usarem o Centro de Saúde, a comprarem o pão na Padaria e o irem vender no Maputo. Um texto que deve impressionar e fazer calar todos aqueles que se queixam de tudo e que tudo arranjam para justificar o nada que fazem.
Esta foto foi tirada em Maio de 2014, na casa da Irmã Susana, no Mumemo, naturalmente, com o Rosário Elias, um jovem seu protegido e que foi aluno da EPVL (de 2010 a 2013) e o professor Luís Lima, da EPVL. O Elias é um jovem extraordinário, também ele uma vitima das cheias, um orfão do norte de Moçambique que depois de ter conseguido reunir os irmãos todos, de ter o seu curso na EPVL e de ser professor na Escola Profissional do Mumemo, está a fazer a sua casa, no Bairro, e a precisar do nosso apoio financeiro.

β
SAUDADES
– Hoje tropecei neste texto, quando procurava a fotografia que o ilustra. Um texto que me fez lembrar as saudades que tenho do Professor Alberto Melo. E do medo que tenho de me esquecer dele e do tanto que me ensinou. Não me posso esquecer dele. Não quero esquecer-me dele!

«A primeira ligação entre nós surgiu, naturalmente, pela militância. Pela militância partidária em que representávamos os extremos geracionais mas a mesma convicção no ideal, o mesmo desejo de transformação, a mesma intransigência nos principios. Mas também a militância católica. O acreditar convictamente e sem medo das censuras.A partir daí, estabelecido um primeiro laço, outros se criaram. O amor a África – ao Luso, no distrito do Moxico, em Angola, onde foi delegado escolar e professor de Portugalidade. O amor a Portugal, e a memória de tempos de militância na União Nacional e a Aliança Nacional Popular como quadro dirigente – desconfio que por causa disso, em democracia nunca aceitou ser candidato a coisa nenhuma no concelho da Mealhada… pudor? Fora chegou a ser eleito deputado da Nação. O amor à familia e a devoção que tinha à esposa, a Dona Vera Melo. O amor que tinha à sua comunidade e a dedicação que entregou à direcção da casa do Povo da Vacariça.»

γ
MISSÃO
– Falo de mais do Papa Francisco. Já é um exagero. Pareço um daqueles doidinhos fanáticos! Mas a verdade é que o Homem estimula-me, interpela-me. Agora é o que disse aos Escuteiros italianos no sábado de Aleuia, por ocasião dos 60 anos da fundação da associação católica dos escuteiros italianos. E como é possível ignorar estas palavras:

«São três as vias para os escuteiros realizarem sua missão:
– Fazer caminho na família,
– Junto à criação
– E na cidade,
sempre testemunhando o amor de Jesus».