Representação gráfica medieval de um ser humano andrógino tirada do livro Crónica de Nuremberga, de Hartmann Schedel, de 1493.

Várias vezes fui acometido pela dúvida: Será que a influência da Gramática específica de cada língua pode influenciar o entendimento do mundo?

Ou seja, será que compreendem o mundo de maneira diferente os que ouvem ou lêem a mesma informação com uma ordenação diferenciada do sujeito, do predicado ou do complemento directo? Será diferente ouvir a frase “A tua mãe morreu” ou “Morreu a tua mãe?”

 Ou seja, será que compreendem o mundo de maneira diferente os que aprenderam que uma palavra é masculina, feminina ou neutra? Haverá diferenças entre “o sangue” e “la sangre” – sangue em português e castelhano respectivamente – ? Haverá diferenças entre “a alma” e “el alma” – alma em português e castelhano respectivamente – ?

Pode ser que algum cientista me consiga ajudar.

O que me parece mais difícil de explicar é a pretensa vontade de moralizar a linguagem dando às palavras um sexismo (ou um género) que só um espírito contorcido consegue descodificar.

Há palavras masculinas, há palavras femininas e há palavras neutras. É assim na gramática, não é assim no Mundo. Na língua portuguesa, na utilização do plural, por exemplo, havendo singulares com palavras femininas e masculinas, por convenção, utiliza-se o masculino. Mas poderia usar-se o feminino. Trata-se de uma convenção.

Valerá a pena ostracizar a palavra cidadão ou cidadãos (quando engloba homens e mulheres)? Será que as senhoras se sentem diminuídas quando recebem o seu cartão do cidadão e não um cartão de cidadã? Já agora vamos passar a criar cartões e cartonas, ou a comprar cartolinas e cartolinos para que a papelaria (ou papelario) não seja sexista?