Nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer a justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da Liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição para os Estados Unidos da América.

1787

Estamos numa fase da nossa vida colectiva – talvez a maioria parlamentar de esquerda (ou governista… como se diz no Brasil) – em que tudo e o seu contrário é dito e feito em nome do mesmo, da Liberdade. A polémica dos colégios é uma questão de Liberdade… em ambos os lados da barricada. As questões da normativização da procriação medicamente assistida e das ‘barrigas de aluguer’ são assumidas em nome da Liberdade. Debatem-se na televisão preconceitos contra a homossexualidade ou a violência no namoro e o argumento maior é a Liberdade. Proíbem-se corridas de touros e assume-se o Amor animal com uma questão de Liberdade, ao mesmo tempo que se luta pela tradição em nome da Liberdade.

Questiona-se, pois, o que é a Liberdade que consegue dar razão e estar presente em ambos os lados da contenda que é feita em seu nome.

Há dias, no programa “E se fosse consigo?” sobre o preconceito em relação à demonstração pública de afectos por homossexuais, os que defendiam o direito de manifestar livremente esses afectos, em público, arguiam pela Liberdade. Os que se manifestavam contra “o que chamavam de pouca-vergonha” diziam terem o direito de não serem agredidos na sua Liberdade.

Chama-se a Liberdade por tudo e por nada – também são só duas razões -. Fala-se de Liberdade sempre e por isso nunca a valorizamos.

Ramalho Eanes, o primeiro presidente da República Eleito na III República, dizia ontem (ou antes de ontem) que “A Democracia portuguesa não é “satisfatória” porque “não tem havido a preocupação de politizar os cidadãos desde a infância”. Na minha opinião, a questão não está em politizar os jovens – porque isso obrigaria a doutriná-los numa ou noutra corrente ideológica, ou até em todas – mas reside na necessidade de sensibilização e na educação para a Liberdade, para a Justiça, para os valores da República.

Porque, neste caso, Liberdade não é, apenas o contrário de estar preso…