Leitão da Bairrada
O elogio que veio da América

A uma semana da II Gala das 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada — que se realizará a 10 de Julho, sexta-feira, no cineteatro Messias —, um dos mais conceituados jornais económicos americanos, o nova-iorquino Wall Street Journal, dedica duas páginas da sua edição de 3 de Julho ao leitão da Bairrada.
O texto, apologético da iguaria e da Mealhada, como berço e espaço privilegiado do leitão assado à Bairrada, é um forte contributo para a promoção internacional da gastronomia e do turismo do concelho da Mealhada e, acima de tudo, para a auto-estima da comunidade mealhadense e dos empresários ligados à restauração. Atesta, ainda, no nosso entender, o produto leitão assado à Bairrada como um prato tradicional geograficamente localizado, e isso pode constituir um contributo importante para a defesa da marca.
Apesar de ter falado com empresários de fora do concelho da Mealhada, o jornalista Paul Ames, autor do texto do Wall Street Journal, centraliza, por completo, a marca Leitão da Bairrada no município mealhadense. E o conteúdo do texto é convidativo. Pena que não tenha descoberto todas as 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada e não se tenha debruçado sobre os outros três produtos dessa marca, os quais acabam por constituir um conjunto harmonioso com o leitão. Por muito que haja a intenção de dizer o contrário, o leitão da Bairrada está de tal modo associado à Mealhada que para qualquer pessoa, a ligação entre leitão e Mealhada é natural e automática.
Tal facto não pode, no entanto, fazer desvanecer a vontade de querer fazer sempre mais e melhor e de prosseguir no sentido de, cada vez mais, promover a qualidade do leitão da Bairrada, da produção gastronómica e vinícola do concelho da Mealhada, dos restaurantes e das empresas do sector localizados no município e da marca turística 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada.
Na II Gala das 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada, organizada pela Câmara Municipal da Mealhada, serão apresentados, publicamente, os estabelecimentos e empresas que em melhores condições se encontram para garantir um serviço de excelência às pessoas que se dirigem ao município da Mealhada para deleite turístico e gastronómico. Esperemos que todos os vinte e sete estabelecimentos reconhecidos no ano passado renovem a sua presença na lista de luxo e que a estes se somem mais alguns. Esta gala acontece, também, no momento em que se assinala o segundo aniversário do lançamento da marca. Trata-se de uma boa altura para receber o reconhecimento internacional que a própria Câmara Municipal da Mealhada, com a criação da marca, quer promover junto dos consumidores, fazer um balanço e procurar criar garantias políticas de que, independentemente do partido que constituir a maioria política da Câmara Municipal da Mealhada, este projecto vai continuar.
O reconhecimento estrangeiro do Wall Street Journal — que nos parece fundamentado, característica que não tem podido ser detectada noutros textos (nacionais) referentes a este tema — contrasta com o tratamento dado ao leitão da Bairrada na estratégia de promoção da região Turismo Centro de Portugal.
No final de um ano de existência, a Turismo Centro de Portugal mostra ser um organismo mais político do que operacional e são várias as razões que, no nosso entender, justificam a afirmação. Se o município de Coimbra, por exemplo, decidiu não integrar essa estrutura, não se compreende que esta aja como se a deliberação tivesse sido a oposta. Para além desta atitude, acresce ainda que a promoção do Luso surge agregada à marca Coimbra, e da Curia, por outro lado, agrega-se à marca Ria de Aveiro. Na brochura lançada pela Turismo Centro de Portugal, na passada semana, não há uma palavra sobre as 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada. Na lista de produtos gastronómicos que publicou, não consta o pão da Mealhada nem sequer o leitão da Bairrada, apesar de a ilustração e a introdução a ele fazerem referência — vá lá alguém perceber isso! Quem ler a brochura vai andar à procura, na Mealhada, de um restaurante que lhe sirva o prato típico local, a carne marinhoa, é este o prato referenciado com sendo típico dos concelhos de Mealhada, Mira e Cantanhede — veja-se bem isto! Não garantimos que encontre essa carne marinhoa, mas, garantidamente, podemos afirmar que qualquer pessoa, uma vez na Mealhada, perceberá que chegou à capital do leitão da Bairrada, “ao inferno dos vegetarianos”, como afirma o Wall Street Journal.

Editorial do Jornal da Mealhada de 8 de Julho de 2009