Domingo é dia de juízo local

A última semana de campanha eleitoral para as eleições autárquicas começou sob o signo da comemoração do 99.º aniversário da implantação da República em Portugal. Uma comemoração que o Chefe de Estado não quis que se realizasse de acordo com a tradição – com discursos nos paços do concelho de Lisboa – para não ser acusado de influenciar (também?) a campanha eleitoral autárquica. Pode ser que no próximo ano as centenárias festividades da proclamação da República compensem a falta deste ano.
Um dos princípios fundamentais da chamada ética republicana que devemos ter presente nesta altura, é o de que a ninguém está formalmente vedada a participação política. Esta ideia significa que todos os cidadãos têm direito de voto e a nenhum deles está vedada a possibilidade de ser eleito para o exercício de cargos públicos de direcção política. Falamos, naturalmente, em tese e em termos formais.
As eleições autárquicas são os actos de participação política que mais cidadãos envolvem. As candidaturas de pessoas para as Assembleias de Freguesia, para a Assembleia Municipal e para a Câmara Municipal envolvem um conjunto de pessoas, só com o estatuto de candidatas que, no concelho da Mealhada – um município com cerca de dezoito mil e quinhentos eleitores –, se quantifica em mais de meio milhar.
Pessoas adultas, de variadas idades e profissões, com percursos pessoais distintos e histórias de vida certamente muito díspares, que se disponibilizaram a integrar uma lista, que se mostram dispostas a gerir os destinos do município ou da freguesia durante quatro anos. Independentemente dos resultados e da vitória efectiva que no domingo apenas parte delas terá, estão de parabéns e merecem o nosso reconhecimento todos os quinhentos e trinta e seis candidatos ao exercício de mandatos autárquicos no concelho da Mealhada.
Conhecidos os perfis e os programas eleitorais dos candidatos resta-nos escolher, no próximo domingo, as listas da nossa preferência e votar. Votar é – frase dita e redita vezes sem conta – não só um direito como uma obrigação de todos os cidadãos eleitores. Todos sabemos isso, mas nunca é demasiado lembrá-lo nestas situações.
No Jornal da Mealhada procurámos, ao longo das últimas semanas, levar aos nossos leitores o máximo de informação possível acerca dos candidatos e do projecto político que preconizam para a freguesia ou para o concelho de que são candidatos. Assumimos esse compromisso no início deste processo eleitoral e, feito o balanço, agora, poderemos afirmar que cumprimos a missão a que nos propusemos. Pelo menos assim julgamos.
Publicámos as respostas a um conjunto de questões dirigidas a cada um dos três cabeças-de-lista das candidaturas à Assembleia Municipal da Mealhada. Na passada semana publicámos as prioridades e as razões das candidaturas dos cabeças-de-lista das candidaturas às oito assembleias de freguesia da área do concelho. Esta semana é a vez de, em entrevista mais extensa, levar até aos leitores do Jornal da Mealhada as respostas dos três cabeças-de-lista às candidaturas à Câmara Municipal da Mealhada. Carlos Cabral, à do PS, César Carvalheira, à do PSD, e José Cadete, à da CDU, em entrevista presencial analisaram o mandato que agora termina, as propostas que têm para a governança do concelho nos próximos quatro anos.
As eleições autárquicas têm movimentado muitas pessoas no concelho da Mealhada desde há mais de um ano. Por causa de domingo, da votação das pessoas no próximo domingo, muitas guerras se fizeram, de laranjas e de rosas, muito se escreveu, muitas considerações se expressaram até ao momento em que cada partido fez as suas escolhas definitivas. Esta eleição ainda não se realizou e já há quem pense em Outubro de 2013, quando se realizarem as eleições autárquicas seguintes. Mas o dia da avaliação dos exercícios políticos dos últimos quatro anos decorrerá no próximo domingo. Um dia de juízo global do passado, mas também de juízo das escolhas dos partidos, dos seus projectos locais e das alternativas de futuro para o concelho da Mealhada. Um dia, assim pensamos, muito importante para o futuro do município, um dia a que não podemos ser alheios.Editorial do Jornal da Mealhada de 7 de Outubro de 2009