Quem me conhece sabe a forma como sou contestatário em relação ao sindicalismo em Portugal. O conhecimento que tenho sobre as realidades sindicais de outros países – como a Grâ-Bretanha, por exemplo – faz-me abominar a forma como, em Portugal, os sindicatos estão organizados, são geridos, são eleitos e as formas de representação/relação com os trabalhadores.
No entanto, hoje, sou obrigado a tirar o chapéu à CGTP e à UGT pelo facto de terem sido as únicas forças políticas portuguesas a organizar um movimento global de contestação ao Governo. Saúdo o facto de terem, vinte e oito anos depois, se terem unido novamente. Saúdo o facto de terem convocado uma Greve Geral. Saúdo o facto de a terem marcado a uma quarta-feira (e não para uma sexta ou para uma segunda, como tantas vezes caem na tentação de fazer!).

Infelizmente, uma vez que sou sócio-gerente da empresa onde trabalho, não posso fazer Greve. Mas sou solidário com quem faz Greve no dia de hoje! Pelo mesmo facto, apesar de fazer todas as deduções para a Segurança Social, não tenho possibilidade de acesso ao Subsidio de Desemprego – porque, em Portugal, todas as pessoas que procuram criar e fomentar o seu próprio emprego são corruptos e ladrões.

Estou solidário com todos os que contestam o aumento de impostos sobre o consumo. Estou solidário com todos os que contestam a redução de salários da função pública. Estou solidário com todos os que contestam medidas cegas de austeridade.

Acima de tudo, estou enojado com um país em que “A Assembleia da República aprovou o corte de salários para a Função Pública, que vai incluir um regime de excepção as empresas públicas e as com capitais maioritariamente públicos (como a Caixa Geral de Depósitos)”.

Estou, portanto, solidário com todos os que PODENDO fazer Greve a estão a fazer, certamente com prejuízo económico!