Na sequência dos acontecimentos narrados desde a entrada de Jesus em Jerusalém e os acontecimentos que têm como corolário a Sua morte e ressureição, há a narrativa de Ele ter-se dirigido ao Templo, no próprio dia da entrada e no dia seguinte.

Segundo o evangelista Mateus (Mt 21, 12-16), uma destas idas ao Templo – a primeira – ficou marcada pela expulsão dos vendilhões e dos cambistas (note-se que as oferendas não poderiam ser feitas com dinheiro romano).

«Jesus entrou no templo e expulsou dali todos aqueles que se entregavam ao comércio. Derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos negociantes de pombas, 13. e disse-lhes: Está escrito: Minha casa é uma casa de oração (Is 56,7), mas vós fizestes dela um covil de ladrões (Jr 7,11)!» Mt 21, 12-13

Lembro-me, várias vezes, desta passagem quando participo na Eucaristia. O tilintar das moedas durante o ofertório faz-me confusão, e faz-me lembrar esta expulsão dos vendilhões do Templo…
Já nalguns santuários – como o de Fátima, por exemplo – esta imagem assola-me muitas vezes. O comércio associado ao fenómeno religioso, em que se coloca uma moeda para se acender uma vela elétrica, ou se compra uma vela que por sua vez é feita de cera queimada de outras velas soa-me a um mercantilismo que me parece desadequado.
É certo que o clero precisa de sobreviver e que a luz e a água das igrejas tem de ser paga para poderem estar abertas ao culto, mas acho que, em muitos casos, há excessos.

Jesus no ataque que fez ao Templo, à casa do Pai, não se referia, apenas aos rituais. Contestava, acima de tudo, o sistema e por isso pode ter sido visto como um revolucionário.
E às vezes apetece tanto ser revolucionário…

___________________________