São Tomé e Principe (o meu segundo país de eleição) foi a votos no domingo, 17 de julho, em eleição presidencial.
Os meus amigos santomenses são todos do MLSTP – tirando o Abidu que é do MDFM-PL – e a minha simpatia é capaz de andar mais por esse lado do que por outro qualquer… apesar de a ideologia do partido da libertação ser um pouco mais esquerdosa do que eu…
Fui acompanhando as eleições em São Tomé e a verdade é que aquilo foi uma confusão que Deus me livre, com cada partido a apresentar meia dúzia de candidatos cada um.

É um país com 20 anos de democracia multipartidária… e a coisa ainda não está perfeitamente consolidada.

A 1.ª volta das eleições foi ganha por Manuel Pinto da Costa, o homem da independência e o presidente de 1975 a 1991, durante a vigência do partido único.
Foi o fundador do MLSTP, mas candidatou-se sem o apoio do partido. Pediu desculpas pelo tempo em que foi todo-o-poderoso no arquipelago e promete combater a fome e a corrupção. Pinto da Costa candidata-se a presidente pela terceira vez em eleições livres. As primeiras, em 1991, perdeu para Miguel Trovoada – seu melhor amigo, co-fundador do MLSTP, tinha sido seu primeiro-ministro (1975 a 1979) e o pai do atual primeiro-ministro (da ADI), Patrice Trovoada – e na segunda tentativa, em 2001, Pinto da Costa perdeu para o ainda Chefe de Estado, Fradique de Menezes.

A segunda volta é a 7 de agosto, e Pinto da Costa defronta Evaristo Carvalho (21,8% na primeira volta), presidente da Assembleia Nacional e o candidato da ADI (partido do Governo de Patrice Trovoada).
Vamos lá ver para que lado é que a coisa cai…
Por um lado, é fácil de prever que a familia Trovoada se empenhe na vitória de Evaristo Carvalho e na derrota de Pinto da Costa. Por outro lado, resta saber se Maria das Neves (14,03 % dos votos na primeira volta, antiga-primeira ministra de 2002 a 2004 e militante do MLSTP), se Elsa Pinto (4,55% dos votos na primeira volta, antiga ministra da defesa nacional e militante do MLSTP), e se Aurélio Martins (4,15% dos votos na primeira volta e atual líder do MLSTP) apoiam Pinto da Costa.
Há, ainda, que ver se Delfim Neves, que teve apoio do seu partido, o PCD, e do MDFM-PL (partido de Fradique de Menezes), e que arrecadou 13,82% dos votos expressos, apoiará Evaristo ou Pinto da Costa. Delfim foi muito critico relativamente à campanha de Evaristo e da ADI, mas daí a apoiar Pinto da Costa vai um grande desvio, até porque tem pretensões a ser candidato em 2016.

O grande derrotado de domingo foi mesmo Aurélio Martins. Foi eleito líder do MLSTP em janeiro de 2011. Convencido que tinha muito apoio passou por cima das duas personalidades do seu partido que se mostraram disponíveis – Elsa Pinto e Maria das Neves – e quis ir a votos a toda a força. A auto-imagem deste jornalista mostrou ser mais importante do que a realidade e Aurélio teve um resultado muito mau, completamente desprestigiante para quem devia ser o líder da oposição ao Governo de Patrice Trovoada… Aurélio teve menos votos do que as senhoras que cilindrou no Conselho Nacional do partido – Elsa Pinto e Maria das Neves. Teve 4,15%, quando Maria das Neves teve 14,03%. Ou seja, se Aurélio não se tivesse precipitado, poderia ter evitado a disparidade de candidaturas dentro do MLSTP e tinha conseguido levar um candidato seu à segunda volta… agora olha…

A 7 de agosto se vê… mas o assunto é para continuar a acompanhar!