SERMÕES DE DIRETOR #03

Será muito dificil para quem nunca viveu o processo compreender a azáfama que é dar inicio a um ano letivo. Haverá processos igualmente cansativos noutras profissões, naturalmente, mas neste as coisas roçam, acima de tudo, a insanidade… Um alemão, enquanto diretor de uma escola, cortava os pulsos na primeira dificuldade em que se vê que a administração central não consegue acompanhar o ritmo dos dias e a contagem decrescente para os alunos se sentarem e começarem um ano letivo…E “O dificil é sentá-los!”, como dizia o outro.

No primeiro dia de aulas ainda há professores por colocar – e se não estão colocados no publico não aceitam compromissos com o privado – e por isso ainda não há horários, nem respostas quanto a autorizações e afins e então candidaturas a financiamentos nem sequer vale a pena falar.
O que deviam ser problemas acessórios, são, na verdade, preocupações que levam à exaustão o mais português dos portugueses. Gastam-se muitas energias nos ‘bastidores’ e o essencial não pode ser tratado da forma mais correta.

Portugal faz 871 anos no próximo dia 5 de outubro. estamos a trinta anos do 9.º centenário. E lamentavelmente, é na escola que radica a última mecha de esperança na nacionalidade e no futuro da Nação. A escola hoje é o unico e por isso o ultimo bastião da portugalidade. Não temos fronteiras, não temos exercito, não temos marinha, não temos moeda, não temos nada. O que temos é a língua, é a resiliência, é a cultura, é a sabedoria, são as idiosincrasias que permitem a um português aguentar o que um austriaco ou um dinamraquês se recusaria a fazer ou a dizer. E isso, até esse exercicio idiota, está hoje confinado à escola portuguesa.

Por isso, os professores portugueses e os funcionários da escola portuguesa – publica ou privada – são os únicos que não podem desistir. Porque se desistirem acaba-se tudo e nunca chegaremos a fazer os 900 anos de existência.