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Encontrei esta foto ontem à noite. Estava fora do sítio, mas nas costas tem a seguinte inscrição:

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Tem data: 20 de dezembro de 2001. Precisamente quatro dias depois das eleições autárquicas que tornaram José Barroso Felgueiras presidente da Junta de Freguesia da Mealhada. A dedicatória refere-se a mim como “Mandatário”. Eu integrava a lista, lá para o 9.º lugar talvez, mas para o ‘comandante’ eu era o ‘mandatário’… Não o ajudava por que pensasse em ser eleito. Ele sabia isso. Ajudava-o porque sentia que o devia fazer.

A escolha de José Felgueiras para candidato a presidente da Junta de Freguesia da Mealhada nasce de uma sugestão da Sara Cunha – que anos antes havia sido presidente da JSD da Mealhada. Felgueiras havia deixado de ser comandante dos bombeiros e era uma hipótese. Eu sugeri o nome ao presidente do PSD da Mealhada e falei com o próprio Felgueiras, que aceitou e me pediu que o ajudasse. Assim fiz. Fui com ele falar com o senhor Basílio Lopes, e com quase todos os candidatos. Escrevi-lhe o programa eleitoral e fiz campanha com ele.

Na altura, não havia garantias nenhumas que Felgueiras ganhasse. É certo que já tinha sido candidato a presidente da Câmara, comandante dos bombeiros durante 25 anos, presidente do Carnaval, do Desportivo, dos Columbófilos. Um homem acessível, simpático, dedicado, experiente e muito mealhadense. Mas Abílio Semedo recandidatava-se à Junta e o mandato não lhe tinha corrido mal. Havia o Movimento Odete Isabel e talvez a lista de Emílio Vicente dividindo o eleitorado do PS permitisse ao comandante chegar à presidência.

E assim foi… O PSD meteu quatro lugares, o PS três e o MOI dois… Só o facto de, magoados, PS e MOI não se coligarem permitiu a Felgueiras fazer equipa e governar. Ganhámos, mas não com maioria. As maiorias do Felgueiras viriam depois, em 2005 e 2009.

Nesta altura o PSD beneficiou da dispersão de votos do PS e só isso impediu Abílio Semedo de ser presidente. Não foram favas contadas e foi preciso fazer campanha a sério. Foi preciso ir a todo o lado para impedir um recandidato de ganhar. Eu estive com o Felgueiras em cada momento. Sempre. De pedra e cal. Ganhei com ele, era o seu ‘mandatário’!

Nesse mandato fui eleito e assumi o meu lugar na Assembleia de Freguesia. Mas todos os dias ia à Junta saber se o comandante precisava de alguma coisa. Ajudei no que pude. Recebi a confiança para fazer um Boletim, para fazer algumas iniciativas importantes e foi o tempo em que mais feliz fui na Politica. Terá sido o único tempo feliz na política até agora: A fazer coisas. A trabalhar pelos nossos. Com as mãos na massa!

Não perguntei ao comandante o que é que ele achava de eu integrar a lista à Câmara do Partido Socialista, liderado pelo Dr. Marqueiro. Não perguntei. Não podia ter perguntado. Mas acho que não me censuraria. Acho que me incentivaria. Acho que me diria que o mais importante é servir a nossa Mealhada Linda e que os partidos não servem para nada. Disse-o noutras alturas e noutros contextos, di-lo-ia agora. Ficaria triste? Acredito que preferia que o fizesse pelo seu partido… acho que não insistiria para que eu o fizesse pelo que resta dele.

Uma coisa o comandante sabe, sempre soube: Sou o mais ‘Felgueirista’ dos mealhadenses. Se receber a confiança dos mealhadenses procurarei ser, como ele me ensinou pelo exemplo a ser: próximo sem deixar de perceber a missão, descontraído sem ser displicente, atento sem ser controlador, exigente sem ser autoritário, amigo sem deixar de ser crítico, operacional sem deixar de ser metódico, pragmático sem deixar de ser fiel.

Obrigado Comandante!

#SERVIR #Terradegenteboa #Amanhãvaiserbom #pelaspessoassempre