O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC em inglês) emitiu relatório, ontem, 8 de agosto de 2021, da sexta avaliação climáticas. E a revisão não é nada famosa, mesmo sendo feita em tempo de silly season. O aquecimento do planeta em 1,5 graus até 2040, não são boas notícias. Um nível de acidificação dos oceanos sem precedentes, nada tem de positivo. A subida do nível médio do mar não é um problema menor para os portugueses. É incomportável que chova numa semana o que normalmente chovia num ano. Este não é um problema de somenos importância.

Não estamos orgânica e fisiologicamente preparados para isto. As nossas cidades, as nossas casas, as infraestruturas não estão preparadas para uma mudança tão incerta e tão rápida. Pura e simplesmente não dá.

Como autarca – e ainda sou autarca por mais 67 dias -, mas acima de tudo como cidadão consciente do esforço coletivo que é preciso fazer para sobrevivermos a isto, estou muito próximo do aterrorizado. Consciente de que não tenho capacidade real para travar a fundo a emissão de gases com efeitos de estufa, nem conseguir impedir que a temperatura suba ou que o mar avance… considero que há decisões do quotidiano que podem condicionar e contribuir para, como consumidor, ajudar a tomar decisões macro. Mas também me parece que há opções que se podem tomar – no âmbito do nosso quotidiano de decisores políticos, na escala micro, que podem ajudar a sobreviver às alterações que aí vêm.

Para além do combate às alterações climáticas, no sentido de evitar o que ainda puder ser evitado, é preciso pensar bem quais as medidas de adaptação que precisamos de assumir para sobreviver. Estamos todos disponíveis para, por exemplo, deixar de cimentar valetas de águas pluviais? Estamos todos com vontade de assumir que há áreas que, dentro dos núcleos urbanos, têm de continuar em terra, naturais, para que haja solo capaz de absorver água?

 

[2485.] ao #15477.º