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O hóquei em patins, o clube e a Mealhada

O fim-de-semana de 24 e 25 de Maio de 2008 foi memorável para a história do hóquei em patins na Mealhada. Uma vez mais, o trabalho de equipas ambiciosas e aplicadas, que, durante mais de vinte e cinco anos, se dedicaram à formação de jovens, através da associação desportiva Hóquei Clube da Mealhada (HCM), deu doce fruto. Um fruto que não só ultrapassa a fronteira do município da Mealhada como, até, se estende pela Europa. E que o consegue fazer porque, por um lado, teve tempo para crescer em dimensão e em maturidade, e, por outro lado, beneficiou do apoio da Câmara Municipal da Mealhada.

O trabalho do Hóquei Clube da Mealhada sempre foi mais dedicado às equipas de formação. Apesar de sempre ter tido equipas de seniores, é nos escalões de formação que parece estar a sua principal vocação: formar homens e mulheres completos, do ponto de vista desportivo e, de igual modo, do ponto de vista do carácter. O HCM, com o tempo, pôs também em funcionamento escolas de patinagem, e passou a ter, mais tarde, equipas femininas.
No sábado, 24 de Maio, a equipa sénior masculina subiu à Segunda Divisão Nacional. Trata-se de uma questão de justiça. No ano passado havia descido, este ano regressa. O facto não seria relevante se não fosse a importância que o êxito e a subida têm para as equipas de formação do HCM. Os jovens formandos sentirão, assim, que têm a possibilidade de continuar a sonhar e perceberão que podem sempre evoluir no seio do clube. Os seniores masculinos de hoje constituem uma equipa que, apesar de recém-formada, conseguiu um feito interessante — são atletas que fizeram todo o seu percurso desportivo no clube, e desde tenra idade, e até são treinados por alguém que já foi atleta do HCM. Isso diz muito, entendemos nós, do que é o Hóquei Clube da Mealhada.
Na tarde desse mesmo sábado, em Vila Franca de Xira, na mesma localidade onde, em 1999, haviam subido para a Primeira Divisão Nacional, com a camisola do Hóquei Clube da Mealhada, Nuno Pereira da Cruz, de Casal Comba, e Luís Costa Ferreira, do Travasso, sagraram-se campeões nacionais da terceira divisão, integrando a equipa da Amadora. Trata-se de dois atletas, de vinte e nove e de vinte sete anos, respectivamente, que, desde crianças, jogaram hóquei em patins integrados em equipas do HCM. Por contingências profissionais tornou-se impossível permanecerem ligados a esse clube — apesar de, mesmo a trabalhar em Lisboa, no ano passado, Nuno Cruz ter feito alguns jogos pelo HCM. Integraram nova equipa, na Amadora, e arrecadaram, assim, o seu primeiro título nacional.
O facto de, da escola do Hóquei Clube da Mealhada, saírem jogadores que prosseguem o seu percurso desportivo ao serviço de outros clubes e alcançarem bons resultados deve ser entendido, também, como uma vitória para o clube. O êxito de Tiago Sousa, de Tiago Ferraz, de Rui Amaro, de Luís Lima, e, agora, de Luís Ferreira e de Nuno Cruz é razão de muita satisfação para os dirigentes, os atletas, os adeptos e os simpatizantes do Hóquei Clube da Mealhada. Êxito que, podemos dizer, deve inscrever-se também no palmarés deste clube. Para além de atletas de sucesso, eles são homens bem formados, dignos do reconhecimento de todos.
A segunda edição da final da Taça Europeia Feminina de Clubes, nos pavilhões municipais da Mealhada e do Luso foi também uma realização importante que enriquecerá a história do hóquei em patins mealhadense. Pensamos assim por três razões. A primeira é o facto de a prática de uma modalidade desportiva por atletas do sexo feminino ser muito importante e merecer ser divulgada. Apesar da importância que o desporto tem para a formação das pessoas, não são muitos os clubes que, nesta ou noutra modalidade, têm oferta desportiva para as jovens. A segunda razão é o facto de ser muito gratificante ver que a equipa sénior feminina da Mealhada, que sentiu grandes dificuldades em obter meios financeiros para poder participar nesta prova, conseguiu atingir os seus objectivos. A terceira razão pela qual esta realização é importante é ter sido organizada, do ponto de vista logístico, pela Câmara da Mealhada em parceria com o Hóquei Clube da Mealhada. É importante porque, uma vez mais, se realiza uma prova desportiva internacional num concelho que pretende ser uma referência na área do chamado turismo desportivo. É importante porque as equipas que participaram na prova levam da Mealhada e do Luso boa impressão. É importante porque demonstra que parcerias da Câmara com as associações desportivas, para a realização de actividades de grande dimensão, são possíveis, são necessárias e trazem bons resultados.

Tratou-se de um fim-de-semana memorável para o hóquei em patins, para o HCM e, também, para a cidade da Mealhada, para a vila do Luso e para o município. Mas outros virão, assim estejamos nós prontos a apoiar este projecto fantástico que é, através do desporto, formar os líderes, homens e mulheres, de amanhã. E está ao nosso alcance. Atrever-nos-íamos a dizer que podemos começar por, nas próximas jornadas, apoiar, fortemente, a equipa de juniores, que precisa apenas de uma vitória para participar na final-four e sonhar com um primeiro título de campeão nacional (no próximo domingo joga com a equipa do Benfica). Podemos também, para ajudar, comprar uma rifa aos atletas do escalão de infantis, que andam a angariar fundos para poderem participar no Torneio de Gleizé, vila francesa nas proximidades de Lyon…

Editorial do Jornal da Mealhada de 28 de Maio de 2008