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Festa da Identidade e da Memória
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Sugestão de comemoração dos 25 anos da vila da Pampilhosa, do bicentenário da Batalha do Buçaco e do centenário da República, em Setembro e Outubro de 2010
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A comemoração de datas relevantes da História nacional ou local é sempre ocasião privilegiada para se promover uma reflexão sobre a consciência que temos do nosso passado e dos valores que, de forma empenhada, queremos projectar no futuro. Deixar passar em claro aniversários de importantes datas do património histórico colectivo é lamentável e constitui um esbanjamento de oportunidades para a afirmação das características e da cultura social das pessoas que constituem uma comunidade.
É na base deste pressuposto que se assinala, de forma quase religiosa, um pouco por todo o país, cada aniversário da Revolução dos Cravos. Foi na certeza de que constitui sua obrigação que o Jornal da Mealhada assinalou, em 2006, o 170.º aniversário da criação do concelho da Mealhada e que, na edição de 27 de Agosto de 2008, lembrou o quinto aniversário da elevação da Mealhada à categoria de cidade. Lembramos apenas iniciativas jornalísticas de um passado mais próximo. Lamentamos, no entanto, não termos sido acompanhados neste trabalho, e em qualquer destas ocasiões, por outras entidades públicas ou privadas.
Será desnecessário elencar a mais-valia cultural, cívica, política e até pedagógica que constitui a celebração, devidamente preparada, de factos históricos ou os actos públicos que tragam à memória da população personalidades importantes para o desenvolvimento da comunidade. Lembremos, e apenas a título de exemplo, o conjunto de actividades de índole intelectual, entre os quais serão de destacar os trabalhos de investigação, que foram desenvolvidos para as comemorações, em 2003, do centenário do falecimento do Professor Doutor Augusto Costa Simões, e, em 2006, do centenário da fundação da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada.
É com base em tudo isto que nos atrevemos a deixar uma declaração e uma sugestão destinada a todas as pessoas da comunidade concelhia, às suas associações, às autarquias do Município da Mealhada, é às entidades militares e religiosas, entre outras.
Por elementos responsáveis pela organização do 29.º encontro dos alunos, professores e funcionários do Colégio da Mealhada, tivemos conhecimento de que estará em debate, no próximo sábado, dia 4, que é a data da realização desse encontro, a forma como se poderá proceder à comemoração do centenário da fundação desse estabelecimento de ensino — comemoração essa que passará, julgamos que inevitavelmente, pela homenagem ao Padre Dr. António Antunes Breda. A declaração que queremos aqui deixar é de apoio e de incentivo e, também, de disponibilidade para dar colaboração naquilo que a comissão organizadora entender pertinente. Falamos, naturalmente, de colaboração para além das obrigações naturais que decorrem do facto de sermos um órgão de comunicação social.

A sugestão que deixamos, noutra área, é a de que sejam dados passos no sentido da organização de uma comemoração condigna, em Setembro e Outubro de 2010, de um conjunto de acontecimentos que se podem celebrar, quanto a nós, de forma coordenada. No dia 25 de Setembro de 2010, faz vinte e cinco anos que a Pampilhosa foi elevada à categoria de vila. Dois dias depois, em 27 de Setembro, completa-se o segundo centenário da Batalha do Buçaco, e o primeiro centenário da inauguração, pelo Rei Dom Manuel II — no seu último acto público —, do Museu Militar do Buçaco. Uma semana depois, o dia 5 de Outubro é o do primeiro centenário da implantação da República em Portugal. A propósito dir-se-á que, esse mesmo dia, é o do 865.º aniversário da assinatura do Tratado de Zamora, que oficializou a independência de Portugal, e o do 494.º aniversário da entrega do Foral da Mealhada e Vacariça aos dignatários deste concelho.
Consideramos que os aniversários da elevação da Pampilhosa à categoria de vila, da Batalha do Buçaco e da implantação da República, que ocorrem em aproximadamente dez dias, constituem uma oportunidade única para enriquecer o ano de 2010 com um significativo conjunto de celebrações. Celebrações essas que poderão ser um estímulo para a investigação histórica — e, nesse campo, muito há a fazer em relação à Batalha do Buçaco e à influência que ficou da passagem de ingleses e franceses pela região, à importância da Maçonaria republicana na Pampilhosa, por exemplo —, para a homenagem de personalidades, como Wellington, com o monumento que leitores do Jornal da Mealhada já nestas páginas reclamaram, ou como Joaquim da Cruz, da Pampilhosa, ilustre figura de republicano e presidente da Câmara da Mealhada. O conjunto de iniciativas a concretizar nessa ocasião deverá motivar o convite à presença do Chefe de Estado num momento que se considere como ponto alto das comemorações.
Sugerimos à Câmara Municipal da Mealhada a constituição, em breve, de uma comissão de personalidades que comece a pensar na comemoração destes acontecimentos. Um gesto que deve ter a colaboração, desde logo, da Junta de Freguesia da Pampilhosa, da Junta de Freguesia do Luso, da Direcção de História e Cultura Militar do Exército Português, da Comissão para as Comemorações dos 200 anos da Guerra Peninsular, e da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República.
Pode achar-se que, faltando dois anos, o tempo que resta é muito. Não é o que pensamos. À sugestão por nós apresentada, associamos a convicção de que só a falta de tempo é problema e a de que, com eleições autárquicas daqui a um ano, ou se começa a trabalhar agora, ou então nada acontecerá.