Baden-Powell várias vezes tomou esta ideia, eu diria até, com insistência. É-lhe atribuída uma frase que me parece importante ser lembrada em muitos foruns, numa altura em que, muitas vezes, nomeadamente nas estruturas organizacionais do escutismo português, perdemos tempo a discutir procedimentos e adiamos a discussão óbvia, urgente e natural que passa pela qualidade da aplicação da nossa metodologia fundamental.

E.E. Reynolds, em 1957, numa publicação sobre o cinquentenário do Escutismo, intitulada ‘Boy Scout Jubilee’, atribui a B.-P. a seguinte frase: “Que se dane o Regulamento! Chamem-lhe uma experiência!”. A frase é atribuída é discutível a sua veracidade.

De qualquer maneira, em muitos momentos, o próprio B.-P. escreveu essa ideia, e a ideia de que o Escutismo é um Movimento – cresce, tem dinâmica, adapta-se – e não é uma Organização – estanque, institucionalizada, formal, profissionalizada, exclusiva – mesmo que por outras palavras.

Não resisto a aqui registar algumas delas.

Na Revista ‘Jamboree’, em Abril de 1921: «O Movimento Escutista é um movimento de crescimento espontâneo, e não uma organização planeada. Surgiu dos desejos naturais dos jovens, e não lhes foi imposto sob a forma de um compêndio de instrução».

Na Revista ‘Headquarters Gazzete’, em Julho de 1921, mais tarde integrado no livro ‘B.-P.’s Outlook’: «Somos um movimento, não uma organização! Trabalhamos por meio do ‘amor e da legislação’»Com esta mesma ideia e muito parecidas: «Não somos uma organização governada por regulamentos, mas sim um movimento guiado pelo Espirito» e, ainda, «Somos mais um movimento natural movido pelo amor, do que um corpo organizado dirigido por regras», ambas na revista ‘The Scouter’ em Março de 1932 e em Novembro de 1937.«E se alguns de vós não tiverdes cuidado… Acabaremos por ser uma simples organização!»