Depois das eleições de 6 de Maio, no Reino Unido, e da derrota de Gordon Brown e do Partido Trabalhista, abriu a campanha interna para a sucessão. Aqui, [1013.], em 10 de Maio, analisando o assunto – que me parece muito interessante – manifestei o meu entusiasmo pela eleição do candidato mais forte, David Miliband.
David Miliband (na foto à esquerda) foi o último Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo Trabalhista, fez um grande lugar e é um homem com características de liderança notáveis. Tony Blair chamava-lhe ‘The Brains’. Já cheguei mesmo a afirmar que se trata de um líder europeu de futuro.
Assim que ficou claro que Nick Clegg, líder dos liberais-democratas, aceitava coligar-se com David Cameron para governar, o que afastava os trabalhistas definitivamente do poder, David Miliband anunciou a sua candidatura a líder do Labour. Foi o primeiro a fazê-lo.
Outros candidatos se lhe seguiram, nomeadamente o irmão mais novo de David, Ed Miliband (à direita na foto), que foi Ministro do Ambiente e da Energia no Governo de Brown. Os dois irmãos cedo se tornaram os mais fortes candidatos à liderança, apesar de haver mais três candidatos.
Ed é menos politizado, mais retórico. David é mais consistente, mas foi o aliado inglês nos crimes de Guantanamo. Ed é mais de esquerda, David é mais pragmático.

No sábado, 25 de Setembro, os trabalhistas foram a votos. Numa espécie de eleição “roda-bota-fora”, em quatro rodadas, os Miliboys foram os preferidos… até ao round final.
No primeiro round ganhou David, com 37,78%, face a 34,33% de Ed. No segundo round volta a ganhar o irmão mais velho: 38,89% contra 37,47% de Ed. No terceiro round a vantagem ainda é de David com 42,72% face aos 41,26% de Ed.
No final, mesmo no finalzinho, Ed ganha ao irmão mais velho quando alcança 50,65% dos mais de 300 mil votos dos trabalhistas ingleses. Mesmo na quarta ronda, os deputados e os militantes continuaram a preferir David, mas os ‘affiliated members’ (pessoal dos sindicatos) passaram a preferir Ed.

David morreu na praia, perdeu por 1,30% dos votos, e nada mais nada menos do que para o seu irmão mais novo… O herdeiro de Tony Blair já disse que jamais entraria em luta com o irmão – as lutas fraticidas no seio dos partidos aqui ganha especial significado. Não fará parte do Governo sombra liderado pelo irmão. O que é pena. Ed Miliband, eleito há poucos dias já lidera sondagens – pela primeira vez em muitos anos – e está à frente de David Cameron, que ainda estará em estado de graça.

O lema de Ed Miliand é “A New Generation for Change” e garante: “A new generation leads our party, humble about our past and idealistic about aou future. It is a generation which thirsts for change. This week, we embark on the journey back to power” [É uma nova geração a guiar o nosso partido, humilde em relação ao nosso passado e idealista sobre o nosso futuro. É uma geração que tem sede de mudança. Esta semana, vamos embarcámos na viagem de volta ao poder].

Não resisto a colocar aqui dois videos, que achei hilariantes enquanto procurava saber mais sobre a eleição de sept. 25th.

Este primeiro video é o de Ed Miliband. Fala da Nova Geração para a mudança. Os primeiros dois minutos são interessantes – até porque fala do irmão -, o terceiro minuto é ridículo. No último minuto deste discurso de quase uma hora (que naturalmente não ouvi todo), Ed fala de optimismo: “Nós somos os optimistas na política de hoje. Por isso temos de ser humildes em relação ao nosso passado, temos de compreender a necessidade de mudança, temos de inspirar as pessoas com a nossa visão da sociedade. Temos de fazer passar a mensagem: Uma nova geração tomou conta do Labour. Uma geração optimista sobre o nosso país, optimista sobre o nosso mundo, optimista sobre o poder da política. Nós somos os optimistas, e juntos mudaremos a Grã-Bretanha”.

O segundo discuros é anterior ao primeiro e é de David. Um discurso fantástico de quem perdeu e que fala como se tivesse ganho, onde até fala do que, provavelmente, o ajudou a perder, a Guerra no Afeganistão. Um daqueles discursos para guardar! Este discuros ouvi-o todo, os minutos quatro e cinco são fantásticos!