O ministério do Presidente da República, segundo António Arnaut.

A revista C perguntou a António Arnaut – advogado, coimbrão, antigo ministro dos Assuntos Sociais, ilustre socialista e antigo grão mestre do Grande Oriente Lusitano, ah! e apoiante da candidatura de Manuel Alegre a Presidente da República – “Para que serve o Presidente da República?”.
O ilustre jurisconsulto deu uma resposta que não resisto a reproduzir. Não só por subscrever o seu conteúdo, como porque me parece uma declaração quase poética:

«Incumbe-lhe, na sua qualidade de representante do país e da unidade nacional, identificar-se com os profundos anseios do povo e pugnar pelo prestígio de Portugal. Como símbolo da Pátria, impõe-se-lhe a defesa da História, da Língua e da Cultura nacionais e a ligação entre o passado e o futuro. Outra das suas funções essenciais é de domínio prático – a de cumprir e fazer cumprir a Constituição da República, o que significa, no contexto actual, que terá de pugnar pela construção da democracia política, social e económica, ou seja, pela construção do Estado social, defendendo a coesão entre todos os portugueses. O seu mandato deverá ser, em suma, parafraseando Sampaio Bruno, o de garante de um país como “comunhão de solidariedades”.»