Não sou maçon. Talvez por ainda ser novo. Talvez porque ainda não tenho estatuto ou percurso para isso. Talvez porque seja, aos olhos dos outros, demasiado católico…
A verdade é que não sou maçon. Provavelmente porque nunca fui convidado para integrar a obediência. Se o fosse, confesso que não diria imediatamente que não. Confesso que refletiria sobre o assunto. Não porque ache que da fraternidade maçónica possa tirar algum benefício próprio, mas porque, honestamente, não sou avesso à espiritualidade que promove a perfeição humana, não sou aziago à prossecução da construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais fraterna e mais solidária. Tenho esses princípios da minha formação espiritual religiosa e ideológica e política.
Mas como já disse, não sou maçon. Sou um curioso, procuro estudar o tema e perceber os seus valores e objetivos que, como já disse, não me merecem hostilidade.
Conheço alguns maçons e quase todos (na minha lista retiraria apenas um) são pessoas integras, com provas dadas na promoção do Bem-Comum, com uma ação honesta e altruísta na sua vida pessoal e na sua vida pública.
Talvez seja pelo facto de reconhecer nos que conheço – uns porque se me revelaram, direta ou indiretamente, outros porque o assumiram publicamente, ou ainda os que, notoriamente, o demonstram ser – essas caraterísticas humanas exemplares que não sou um anti-maçon. O padre Abílio Duarte Simões dizia, muitas vezes, que eu acabaria, na velhice, por ser monárquico e maçon… não sei se poderia coexistir em coerência…
E é talvez, ou também, por isso que me parece completamente obscurantista esta perseguição à maçonaria que durante esta semana se tem avolumado. Como em tudo na vida, há pessoas boas e pessoas más. Haverá, naturalmente, maçons maus, corruptos, mal-formados, ambiciosos e sem pinga de altruísmo. É natural, ou não?
O secretismo da obediência maçónica é criticada, mas pode ser justificável se analisarmos o que tem sido dito da maçonaria e do facto de algumas pessoas serem maçons, como se isso significasse fazerem parte de um grupo de terroristas ou malfeitores fora-da-lei. Aliás, há terroristas que não são tão criticados como os maçons…
Parece-me completamente ultrapassada, obscurantista e até anti-democrática esta perseguição que está a ser feita à maçonaria e a algumas lojas e obediências maçónicas. Uma perseguição que está a ser feita com base na ignorância, na especulação, e, acima de tudo, que é o que mais me revolta, patrocinada por maçons que estão a procurar fragilizar as posições de obediências maçónicas que lhe são adversas e até adversárias, numa luta intestina e autofágica que nos últimos anos tem pontificado sobre a Maçonaria Portuguesa.