No passado domingo, 26 de agosto, passaram nove anos sobre a
publicação, em Diário da República, da Lei que elevou a, até essa
altura, vila da Mealhada à categoria de cidade. A decisão havia sido aprovada pelo plenário da Assembleia da República em 1 de julho e com a publicação tornava-se definitiva. No mesmo dia, idêntica decisão e publicação em relação a Oliveira do Bairro deu direito – durante breve trecho, é certo -, a Feriado Municipal nesse dia de solenidade. Mas na Mealhada não. Aliás, tirando meia dúzia de foguetes lançados pelo executivo da Junta de Freguesia da novel cidade, nesse dia 1 de julho, nunca houve sequer um simples assinalar da data.
 
Não fosse a tradicional aversão dos órgãos autárquicos às comemorações civis da nossa comunidade – de que é exemplo o Feriado Municipal, anual, (nunca assinalado) ou o 175.º aniversário da elevação a concelho, que aconteceu em novembro de 2011 – e poderia dizer-se que há uma espécie de vergonha em festejar a elevação à categoria de cidade. Não há vergonha nenhuma, reconheçamos isso. Há, pelo contrário, uma tradicional negligência neste domínio. E é pena, pensamos nós (naturalmente), que até nem somos muito festeiros… Justificava-se a comemoração – qualquer uma das três referidas – como se justifica o assinalar (por mais simples que seja) da Batalha do Bussaco, ou do 25 de Abril. São datas que fazem parte do nosso património coletivo e que nos distinguem como comunidade.
 
O processo de elevação da Mealhada a cidade foi doloroso, mas, nove anos passados, as feridas deveriam estar saradas. Será cedo para fazer um balanço de nove anos de cidade? Será que essa decisão influenciou alguma coisa o desenvolvimento do concelho? Estas e outras perguntas não precisariam de ser nesta altura respondidas, assim pudessemos nós, como comunidade, ter a maturidade suficiente para as fazer.

Talvez para o ano… Não será, certamente, tarde de mais.

___________________________

Às vezes, somos enganados pelo nosso cérebro (ou será pelos nossos medos) e, perante palavras escritas, não lemos o que elas encarreiradas dizem, mas pomo-nos a congeminar sobre as intenções escondidas de quem as terá escrito, recusando-nos a ler, de facto, e caindo na especulação pura. Diz o sábio povo que “bom julgador a si se julga”. Pelo que quase sempre vemos no maquiavelismo dos outros o nosso próprio reflexo. Manda a honestidade que cada um seja julgado pelo que fez (ou escreveu) e não pelo que o que os outros teriam querido ler…