caldeirada de enguias

A memória que tenho dos meus tempos de infância é de que aos domingos a família rumava a Aveiro para almoçar. Na minha cabeça fazíamos isso muitas vezes… mas a verdade é que até poderia ser só esporadicamente. Mas é uma das minhas memórias de infância. Quando a vontade era para o arroz de tamboril íamos a um restaurante na zona do Rossio, quando o desejo era de enguias íamos para a zona da Barra.

Há uns tempos voltei a esse restaurante no Rossio. Quis matar saudades. Sempre que preciso de ir a Aveiro e tenho companhia procuro satisfazer o meu apetite por enguias. A minha esposa odeia o anguilliforme e eu tenho de procurar outros cúmplices. Dizia eu que fui a esse restaurante e comecei por perguntar pelo arroz de tamboril. A empregada olhou para mim como se lhe tivesse falado em grego antigo… fiquei absorto! Rendi-me às enguias e que boas que elas estavam.

Ontem voltámos lá. Ao jantar, antes de uma reunião importante na Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro. O restaurante estava vazio. E assim permaneceu até termos saído hora e meia depois. As enguias estavam soberbas. Mas como é possível estar às moscas, hoje, uma casa que há 20 ou 25 anos era um corropio de gente? Onde tinhamos de estar tempos infinitos à espera pelo tal arroz que hoje já nem os empregados da casa conhecem.

Mudam-se os tempos… felizmente não muda o sabor maravilhoso das enguias em caldeirada!