Hoje houve Assembleia Municipal na Mealhada.

Afinal neste mandato não ficaram sanados todos os defeitos que tinha o anterior. É pena. Não é alvo de critica quem possa pensar que o presidente da Assembleia Municipal, Miguel Felgueiras, depois do penacho da eleição e da linha no seu currículo se está a marimbar para a maçada de ter de ir às reuniões maçadoras da Assembleia. Afinal o presidente da Assembleia é o único que não se pode desculpar com as datas agendadas… O Miguel – grande democrata – não se vai chatear com esta critica, assim espero…

Mas o que me chateou mais na reunião foi o preconceito prévio de resistência à mudança, da parte de toda a Assembleia, genericamente, a propósito do projecto dos novos Paços do Concelho. Um conservadorismo reaccionário que contrastou com o espírito revolucionário a que recorreram para repudiar o facto de o Presidente da República por não ter ido – mesmo que o fizesse hipocrita e cinicamente – ao funeral de um homem que não o respeitava nem a ele nem ao cargo. Aí a assembleia já foi ultra-progressista, revolucionária como não terá sido Cuba do Alentejo.

Mas fiquei incomodado com o grau de conservadorismo dos eleitos – dos que emitiram opinião, claro está – de forma generalizada. Apenas um se mostrou entusiasmado com o projecto apresentado.

Foi apresentado um projecto de um edificio municipal arrojado, que apesar de não ter uma arquitectura esteticamente inovadora procura ser – assim o disseram – um exemplo de boas práticas do ponto de vista da eficiência energética. O plano apresentado – uma proposta, apenas -, segundo o que foi ali referido, insere-se numa lógica estrutural que, de facto, procura resolver um conjunto de problemas do centro da Mealhada. Não resolve os problemas fundamentais do centro histórico – mas também não seria possível ser ESTE projecto a fazê-lo.

Mas teve logo ali um conjunto de criticas imediatas que fazem desmoralizar e que mais não são do que grandes entraves, reticências e grande resistência à mudança, por si só.

É tipico dos portugueses, mas era escusado.


Há coisas ali com as quais não concordo. Há coisas que acho impossiveis ou de muita dificil concretização, mas aquilo é um grande projecto e um projecto de excelência que – a confirmar os pressupostos “vendidos” – põe a Mealhada no mapa da inovação.

Eu sou o autor de uma frase ainda hoje citada quando se fala deste dossiê. Eu disse, um dia, que até me dava “brotoejas” pensar que o novo edificio dos Paços do Concelho poderia ser ali construído. Arminda Martins, na Assembleia Municipal, aconselhou-me a comprar uma pomada porque era mesmo ali que ele ia ser feito. Essa arrogância toda em 2001-2004 (não sei precisar a data) está a revelar que afinal a ideia do PS era muito mais contrariar o PSD do que acreditar que a solução era a ideal.

Mantenho a discordância relativamente à localização do edificio dos Paços do Concelho – essa sim é a questão de fundo. Agora, se é para ser ali, como o PS teimosamente quis, então, que seja uma solução de futuro, eficiente, arrojada e responsável pela recuperação e solução integrada de toda a zona.

Se é muito grande, se a cor é feia, se tem análise disto ou daquilo, se os interruptores são manuais ou se tem fotovoltaico é pensar pequenino.

Porque a verdade é que a população da Mealhada precisa de um espaço de grande qualidade, do melhor que houver. Assim haja dinheiro, o dinheiro que tanto se poupa que se gaste em dar melhores condições aos cidadãos e aos funcionários municipais – que têm sido os grandes prejudicados no prolongamento da situação.

Há coisas a melhorar, tirar a Esplanada para pôr outro bar, em melhores condições, mais acima ou mais abaixo, mudar aqui ou ali, se há estratégias para o comércio tradicional são aspectos a melhorar em debate público. Agora ser do contra com medo da mudança e de gastar muito, é pensar pequenino.

Assim haja dinheiro, porque os mealhadenses merecem o melhor que houver para dar!