É 1 de agosto de 2021. O 609.º dia do anúncio do primeiro caso de uma doença que mata chineses. O 517.º dia do primeiro caso desta doença em Portugal. O 508.º dia do anúncio da Organização Mundial de Saúde declarando a doença como uma pandemia. O 498.º dia do primeiro caso no meu concelho. O 194.º dia da vacinação contra esta doença no meu concelho. à minha volta, 54 mortos.

Em 27 de julho o Presidente da República anunciou, na Circulatura do Quadrado, que acreditava que o Primeiro-Ministro tinha condições para fazer na quinta-feira seguinte, “o discurso de transição da Pandemia para o Pós-Pandemia”. E o Primeiro-Ministro fê-lo. Quando estávamos à espera de medidas mais restritivas, o chefe do Governo anuncia a mudança total das regras. Regras iguais para o país todos – nivelando pelo meio. Fim do recolher obrigatório, bares abertos com regras dos restaurantes que passam a receber mais gente, mas com certificado de teste ou vacina.  O comércio, restauração e espetáculos culturais sem restrições horárias e horários normais, até às 2h00 da madrugada. Desporto com público e já se pode andar de carrossel.

Anuncio para hoje, dia 1 de agosto, quando 57 em cada 100 portugueses estão vacinados. António Costa determina: Deixamos de nos guiar pelo número de infetados e pela tal Rt, para “passarmos a conduzir a pandemia em função da taxa de vacinação”.

Finalmente, pensamos nós. Mas pressinto que não é a primeira vez que se anuncia a morte do vírus.

Pessimista? Eu, que sou o mais optimista dos Homens?

Como gostava eu de ouvir o discurso do pós-pandemia. Como eu gostava de ouvir um Churchill a gritar: “Agora emergimos de uma luta mortal – um terrível inimigo foi lançado ao solo e aguarda nosso julgamento e nossa misericórdia”. Como o disse em 8 de maio de 1945, no Discurso da Vitória. Mas só oiço o que o mesmo Churchill sussurrava em 10 de novembro de 1942: “Isto não é o fim. Nem sequer é o princípio do fim. Mas é, talvez, o fim do princípio”.

Tenhamos esperança.

 

[2477.] ao #15469.º