Ao som de «Tudo o que eu te dou», por Pedro Abrunhosa
[2502.] ao #15622.º
“Recomeça”, diz ‘A Criação do Mundo’, de Miguel Torga. “Se puderes,/Sem angústia e sem pressa”. Com desejos simples: “E os passos que deres,/Nesse caminho duro/Do futuro,/Dá-os em liberdade”. “Enquanto não alcances/Não descanses”. “De nenhum fruto queiras só metade”. “E, nunca saciado,/ Vai colhendo/ Ilusões sucessivas no pomar/E vendo/Acordado,/O logro da aventura”.
Que melhor desejo para mais doze luas de vida? “És homem, não te esqueças!/Só é tua a loucura/ Onde, com lucidez, te reconheças”!
Sobre a Loucura… Dizia Fernando Pessoa que: «A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana. Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal. Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco. Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido. Ter consciência dela e ela ser grande é ser génio.»
Na Loucura de uma vida simples e sem génio vale a observação das hortênsias podadas do jardim como alegoria de um novo ano. Recomeço absoluto, mas nunca do zero. Porque do passado haverá sempre novas mudas para florescerem no futuro. Limpeza? Inevitável retorno? A esperança de novas flores nascidas de uma sempre eterna raiz.
Bom Ano de 2022 a todos os que insistem em fazer florir a vida dos Outros.